Praga
Hey pessoal,
Quando se faz um interrail existem várias coisas que são indispensáveis, alguma paciência, umas boas horas de música no telemóvel ou tablet e um bom livro. A viagem de Paris para a segunda paragem nesta minha aventura demorou cerca de doze horas e trinta minutos com duas mudanças de comboio feitas ao estilo de atletismo, 200 metros mochila às costas e ao peito para não perder o comboio. Na verdade, foi uma maneira de entrar no espírito olímpico que se vive do outro lado do mundo. Eram cerca de 23 horas quando cheguei a uma Praga deserta, fria e um pouco húmida. A primeira impressão que causou não foi a melhor contudo, e tal como Paris, nunca nos devemos prender às primeiras impressões quando embarcamos numa viagem sem rumo.
Bom, primeira coisa a estabelecer sobre Praga, não é uma cidade muito grande. Tudo é perto. O meu hostel era junto ao Národní muzeum, museu nacional em checo que se encontra em obras de remodelação e, por isso, encerrado ao público. Na frente deste museu encontramos a Václavské námesti, uma das avenidas mais importantes de Praga e que nos leva ao centro histórico desta cidade. É na praça da cidade velha que esta cidade se começa a revelar. O famoso relógio astronómico, Orloj, que conta com mais de 600 anos de funcionamento, é a principal atração neste local. Este relógio não só informa a hora exata em Praga, como também os signos e a posição do sol e da lua durante o dia. Encontra-se na fachada da torre da antiga câmara municipal. Contudo, o segredo mais incrível desta torre, pelo menos para mim, não se encontra na fachada, mas sim no seu topo. Por cerca de 130 Coroas Checas, ou seja, quatro euros e oitenta cêntimos, é possível subir ao topo da torre e desfrutar de incrível vista da cidade. Apaixonados por miradouros com ótimas vistas, como eu, não podem perder este. Garanto que não se vão arrepender. Dalí de cima começa-se a perceber que a arquitetura da cidade nada tem a ver com as cidades mais ocidentais da Europa, nem mesmo o castelo.
A praça da cidade velha é só o início de uma grande aula de história. Caminhando alguns metros, encontramos a igreja Mathy Bozi pried Tynem. O edifício mais impressionante do estilo gótico em Praga, construído entre o século XIV e XVI. Encontrar o acesso a esta igreja é uma tarefa para os mais pacientes e por isso não vou revelar mais nenhum detalhe sobre esse assunto. A zona a norte da praça é conhecida por ser o bairro judeu. Com cerca de seis sinagogas e um cemitério neste bairro possíveis de visitar, é uma zona a não perder na cidade.
A República Checa é conhecida pelos seus músicos e é no Rodolfinum que se encontra a sede da Filarmónica Checa. Sendo este edifício depois do bairro judeu e junto ao rio, nada melhor que seguir junto ao mesmo até à Ponte de Carlos, um dos símbolos da cidade. Construída no século XIV, esta ponte alberga, atualmente, não só as centenárias esculturas religiosas como também inúmeros caricaturistas e vendedores ambulantes. É através dela que se atravessa da cidade velha para a zona do castelo.
Um castelo, em qualquer lugar do mundo, é construído num local alto e de boa visibilidade. O castelo de Praga não é excepção. É necessário ter alguma energia para subir uma colina cheia de turistas e pequenas lojas de comida e souvenirs. Atualmente, o castelo é a "casa" do presidente, mas desde o século IX que ali habitam reis e presidentes. Decidi não entrar dentro do palácio, fiquei-me apenas pelas muralhas e jardins. Alguns deles com vistas surpreendentes para a cidade. Para os mais corajosos, na montanha ao lado do castelo existe um labirinto de espelhos e uma torre de observação da cidade. Deste lado do rio é também obrigatório parar pelo mural dedicado a John Lennon, pelo museu Frank Kafka e na rua mais estreita de Praga, Certovka, que, na realidade, não passa de um acesso a um restaurante na margem do rio Vltava.
Contudo, a magia de Praga é apenas perceptível quando o sol se põem e as luzes se acendem. A ponte de Carlos e o Castelo quando a noite cai ficam incríveis fundos de postais. São fotos imperdíveis quando se visita esta capacitar europeia.
O verdadeiro encanto de Praga não está apenas nos monumentos nacionais, mas sim em todos os prédios que por ali encontramos. Todos eles contam parte da história da cidade, bem como enchem os olhos de qualquer um com a sua decoração. É fácil encontrar prédios com estátuas, esculturas ou pinturas, restos de um regime comunista ou uma guerra nas suas fachadas e foi esse pormenor que me encantou nesta cidade O simples facto de andar pelas ruas na cidade já se torna uma experiência extremamente enriquecedora. Uma ótima cidade para nos perdermos por entre ruas, becos e pátios escondidos. Os checos são pessoas um pouco frias e sisudas até. É difícil quebrar o gelo com eles, mas, ao contrário dos franceses, estes esforçam-se para ajudar e comunicar com as pessoas. A visita a Praga foi de apenas um dia, tal como Paris. Não diria que me apaixonei por esta cidade checa, digo que deixou algum mistério e um grande ensinamento, o nosso passado como nação pode efluênciar-nos como pessoas. A aventura continua por uma Europa desconhecida e cheia de surpresas...