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Um Absurdo Sem Fim

27
Ago16

Auschwitz e Weiliczka

Loís Carvalho

 

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Hey Pessoal,

            Muito perto de Cracóvia existem dois monumentos, que devido à sua importância mundial, não podem faltar na lista de sítios a visitar. Dois sítios bastante distintos, um lembra-nos quão o ser humano pode ser horrível e maquiavélico com a humanidade, já o outro mostra-nos como a humanidade consegue demonstrar beleza através da natureza. Falo de Auschwitz, local do maior campo de concentração Nazi da II guerra mundial, e de Weiliczka, uma mina de sal transformada numa cidade-monumento.

            Auschwitz

            O local onde a história aconteceu, na realidade, um nome que nunca nos vamos esquecer. Sempre que a expressão "campo de concentração” é dita a primeira ideia que temos em mente é a palavra Auschwitz, quer queiramos, quer não. Como devem imaginar, este foi um dos locais que mais me marcou durante a viagem. Saber que estava a pisar o mesmo chão onde um dia milhões de judeus e outros tantos polacos, ciganos, homossexuais, soviéticos estiveram presos, tratados de maneira desumana e mortos, faz-nos perceber que aquilo que aprendemos nas aulas de história foi muito real.

            Na realidade existem dois campos na pacata vila de Auschwitz, Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau. Auschwitz I, criado em 1940, localiza-se mesmo na vila de Auschwitz e conta com cerca de 40 edifícios, entre barracas, casa dos oficiais das SS, hospitais das SS, câmara de gás e crematório, cozinha e armazéns. A sua marca mais famosa é o portão de entrada com a célebre frase “Arbeit macht frei”, o trabalho liberta. Depois de passar por debaixo a inscrição, estamos oficialmente dentro do campo que inicialmente serviu como prisão para cidadãos polacos e só depois foi transformado num campo de extermínio. Atualmente, os edifícios são ocupados com exposições sobre as condições de vida dos prisioneiros, o trabalho forçado, as câmaras de gás e o extermínio. É possível ver a câmara de gás onde foram realizados os testes iniciais e o crematório usado neste campo. Contudo, para mim, o mais marcante de Auschwitz I, para além do portão de entrada, é quando entramos numa das salas das barracas e vemos que, por detrás de um vidro, existe imenso cabelo das vítimas do que ali aconteceu. Cabelo que era recolhido depois de estas serem mortas para ser vendido. Foi através do mesmo que se descobriu que os nazis usavam gás Zyklon B para matar os prisioneiros.

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            Auschwitz II- Birkenau fica a cerca de três quilómetros de Auschwitz I contudo, é possível realizar o caminho no autocarro gratuito do museu. A sua construção iniciou-se em 1941, devido à sobrelotação do campo-base Auschwitz I. Com uma área de aproximadamente 175 hectares e com mais de 300 edifícios, este foi o campo onde a maioria dos assassinatos aconteceram. Neste campo existiam quatro crematórios com câmaras de gás e duas câmaras de gás provisórias, que actualmente apenas podemos observar as suas ruínas. Ao entrar, vemos a zona de descarregamento onde se amontoavam os milhares de passageiros que eram retirados dos comboios quando ali chegavam. De um dos lados, ainda é possível observar as barracas de tijolo onde alojavam os prisioneiros tal e qual como quando o campo estava em funcionamento. Do outro, devido às barracas serem construídas de madeira e não tijolo, apenas podemos uma fileira destas, o resto são apenas ruínas. Percorri toda a rampa de descarregamento sobre os carris. Era uma sensação incrivelmente estranha a que senti. Olhar em volta e tudo estar cheio de flores selvagens e tão verde para um sítio com um passado tão negro. No fim destes carris, encontramos as ruínas das câmaras de gás que as SS tentaram destruir. Continuei a percorrer a estradas de terra batida entre arame farpado e torres de vigia até encontrar uma área cheia de lagos. Os lagos eram muitas vezes usados como depósitos das cinzas das vítimas daquele campo, bem como alguns terrenos descampados que por ali encontramos.

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            Auschwitz é um lugar ao qual todos nós, pelo menos uma vez na vida, devíamos ir. Por mais duro que seja, faz parte da história da humanidade. Faz parte da nossa história. Perceber a crueldade que ali aconteceu para além das secretárias das escolas é necessário para um futuro melhor. Uma das coisas que mais me marcou nos campos de concentração é que, apesar de toda a escuridão, tristeza e crueldade que nos fazem sentir, são sítios bastante verdes, dominados pela natureza que se ergue de novo, dominados por um respeito e paz inexplicável. É gratuito visitar este local contudo,contem com filas enormes caso queiram ter uma visita guiada pelos campos. E tal como é dito por ali, “É gratuito e está aqui para mostrar que os erros do passado não devem ser repetidos no futuro.”

 

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Weiliczka

 

            Uma mina de sal que se transformou numa cidade-monumento devido ao trabalho dos seus mineiros. Fica à distância de uma viagem de quarenta minutos de autocarro do centro de Cracóvia. Muitos de nós já ouvimos falar desta mina de sal nas aulas de geologia no secundário devido à sua riqueza a nível de património geológico. São duras horas e meia de caminhada por escadas, galerias, corredores, esculturas, capelas, lojas de recordações, lagos, um café, histórias e muito sal. Engana-se quem pensa que verá sal tal e qual como aquele que usamos em casa, aqui o sal tem uma cor acinzentada devido às impurezas que apresenta. É possível perceber a evolução nas técnicas de extracção de sal durante o tempo de funcionamento da mina.

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            Existe uma igreja incrível no interior desta mina onde é celebrada uma missa aberta ao público todos os domingos, bem como áreas onde é possível realizar banquetes, festas de anos, eventos, entre outras actividades. Os visitantes apenas percorrem três quilómetros e meio dos mais de 350 quilómetros de galerias que existem naquela zona.

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23
Ago16

Cracóvia

Loís Carvalho

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Hey Pessoal,

           

            Chegar ao terceiro ponto de paragem desta minha viagem foi uma grande aventura. O comboio que me levava de Praga para Ostrava, uma pequena vila na fronteira entre República Checa e a Polónia, atrasou-se, o que me fez perder o comboio que me levaria a Katowice. Como devem imaginar, lá estava eu numa pequena estação de comboios, tentando trocar o meu bilhete para o próximo comboio sem que a vendedora entendesse o que eu estava a dizer. Durante alguns minutos eu tentava explicar-lhe o que se tinha passado em inglês e ela respondia-me em checo. Tive a sorte de aparecer uma jovem que acabou por traduzir aquela pequena conversação para que pudesse seguir viagem. Chegado a Katowice era tempo de apanhar o comboio regional que me levaria a Cracóvia. Posso afirmar que, apesar de a viagem durar cerca de duas horas e quinze minutos e haver um comboio que a faz em apenas uma hora e meia, não a trocaria por nada.

            Era final do dia, depois de um dia longo em comboios fechados, fazer uma viagem de comboio com a janela meia aberta, a ver o pôr-do-sol tornou aquela viagem a melhor de todo o interrail. Foi momento que decerto me vou lembrar para sempre.

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            Cracóvia é uma cidade cheia de história e de vida. Ao contrário do que pensava, está cada vez mais cheia turistas e é fácil de perceber o motivo. A cidade foi construída em volta da Rynek Glówny, praça principal da cidade antiga, local onde fica a torre da câmara municipal, a Igreja de Santa Maria e o Sukiennice, um mercado renascentista que ainda nos dias de hoje serve para o efeito que foi construído. Tanto de dia como de noite as esplanadas desta praça estão cheias de turistas e há vendedores de flores, souvenirs e comida um pouco por todo lado.

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            Atravessando a praça da cidade antiga e subindo uma pequena colina é possível visitar o Castelo real de Wawel. Os castelos do lado mais oriental da Europa são muito diferentes daquilo que nós, portugueses, muitas vezes temos em mente. Existe uma basílica no seu interior, bem como o palácio real e a gruta do dragão. Segundo a lenda, em tempos um dragão andava a fazer desparecer os animais e os moradores da região. Nenhum dos cavaleiros mais valentes do reino conseguia matar este monstro e por isso o rei prometeu que quem o conseguisse casaria com a sua filha. Para espanto de todos, foi um fraco aprendiz de sapateiro com a ajudada de um “carneiro explosivo” que acabou com este monstro. No sopé do monte, junto ao rio Wista, é possível ver uma escultura de um dragão que cospe fogo, bem como visitar a gruta do dragão por debaixo do castelo.

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          Não muito longe do castelo fica o quarteirão judeu. Local onde durante a segunda guerra mundial foi construído o gueto da cidade para os judeus. Um local cheio de história, com locais a não perder como a sinagoga antiga ou antigo cemitério judeu.

         Atravessando o rio, e depois de alguns minutos a caminhar, encontramos um dos locais mais importantes da cidade, a fábrica de Oskar Schindler. A fábrica que este senhor usou como fachada para salvar milhar de judeus das mãos do regime nazi já não existe em completo, apenas a fachada e os portões da mesma. Nesse local podemos visitar o museu de arte contemporânea de Cracóvia e uma exposição sobre a cidade de Cracóvia e os judeus que ali moravam durante a segunda guerra mundial. Da fábrica original apenas é possível visitar o escritório de Schindler e  ver algumas das panelas e outros utensílios de metal que ali eram fabricados durante aquele tempo.

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            Cracóvia surpreendeu-me pela sua vida. O motivo que me trouxe a esta cidade polaca foi a sua importância na história do século passado. As jornadas mundiais da juventude realizaram-se nesta cidade no final do mês passado, mas continuam bastante presentes um pouco por todo lado. Ao contrário do que outras pessoas me tinham dito, os polacos foram uma grande surpresa para mim. Apesar de serem muito conservadores e protectores da sua cultura, um pouco devido aos acontecimentos históricos a que o seu país tem sido sujeito, são um povo simpático, comunicativo e bastante prestável.

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Loís Carvalho, 21 anos, Mundo. Existe um sem fim de sítios onde ir, pessoas por conhecer, vidas para viver, sonhos para alcançar, mundos por descobrir.

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