Na sexta-feira passada, dia 1 de julho, deu-se a primeira edição do Globaile nos jardins daTorre de Belém, em Lisboa. Um evento tão ansiado e esperado por muitos, pois marcou aquilo que será um possível “fim” dos Buraka Som Sistema.
Eram 17 horas quando arrancou esta festa do multiculturalismo pensada por Branko, Riot, Conductor, KAlaf eBlaya e que todos esperam que se possa repetir anualmente, de maneira acelebrar uma Lisboa internacional e multicultural. Durante o fim de tarde e início da noite, passaram pelo palco nomes como Batuk, os peruanos Dengue DengueDengue, o brasileiro MC Bin Laden, Dotorado Pro e Kking Kong.
(Foto Marta Ribeiro/musicfest.pt)
Estava quase na horado momento da noite. 22 horas e o iníciodo, ainda muito questionado, fim tinha início. Durante as duas próximas horas ninguém se quis lembrar que esta poderia ser a última vez que os Buraka subiriam ao palco. Uma viagem mítica de 10 anos, entre Lisboa e Luanda com um pouco dos quatro cantos do mundo a entrar em jogo também. Temas como “Yah”, “Soundof Kuduro”, “Aqui para vocês”, “Voodoo Love”, “Kalembaa (Wegue Wegue)” com a participação de PongoLove, “Vuvuzela” e “Stoopid” levaram ao rubro as quase catorze mil pessoas que se juntaram para prestar homenagem a uma das bandas mais importantes da actualidade portuguesa. A energia, a música, a vibração e o power foi algo que os Buraka, ao longo destes dez grandes de carreira, não perderam e foram melhorando cada vez mais.
(Foto Paulo Spranger/Global Images)
O público que sejuntou ali, ao contrário que muitos podiam imaginar, era o mais variado possível.Desde os que apanharam o comboio na Damaia/Amadora aos turistas do norte deste velho continente, passando por americanos, chineses, angolanos, moçambicanos, indianos e até algumas avós portuguesas, era possível perceber que o sentido do Globaile realmente tinha acontecido.
O sítio escolhido para terminar este mês das Festas de Lisboa não podia ter sido o mais indicado. A Torre de Belém, local que relembra um Portugal e uma Lisboa outrora gloriosos, recebem aquilo que tornou, e tornará de novo, este país glorioso. Uma nova Lisboa de novas pessoas, novas línguas, novas cores, novas opções. Uma nova Lisboa cheia de vida e de cultura. Uma Lisboa em transformação.
Até já Buraka Som Sistema.
Isto é Luanda. Isto é Lisboa. Isto é Znobia. Isto será sempre Buraka!
Depois de algum tempo de interregno, como é costume nas minhas publicações, volto ao trabalho. Desta vez para vos contar a história de alguém que conheci pelas ruas de Lisboa.
Era mais um dia para me perder por Lisboa, o sol e o calor já começavam a chegar e, então, decidi ir ao miradouro da Senhora do Monte para desfrutar da minha vista preferida da cidade. Lá encontrei o Kevin,à primeira vista talvez me passasse despercebido é verdade, mas com o decorrer do tempo fiquei colado ao seu trabalho. Para muitos, apenas mais um artista derua, para mim, um verdadeiro artista. Decidi meter conversa com ele para perceber como veio parar aquele local.
O Kevin é um artista espanhol, vindo de Vigo, na Galiza, com 22 anos e já meio mundo no bolso. Digamos que é um muralista sempre que pode, pois essa é a sua verdadeira paixão em termos artísticos, e um artista A4 e A3 quando tem de ser. É a primeira vez que pisa solo lisboeta, contudo, confidenciou-me que, apesar de sermos um pouco diferentes dos espanhóis, sente que os dois países têm mais em comum do que as pessoas imaginam. Uma das principais diferenças entre os dois povos é a abertura ao mundo. Os portugueses são pessoas muito abertas, aceitam a vida como é e pouco lhes importa o que os outros pensam sobre eles. Sabem viver e conviver com toda a gente, independentemente da sua origem ou escolhas.
Lisboa tornou-se uma cidade apaixonante para este rapaz, uma vez que adora viajar e esta consegue ser a casa de pessoas de todomundo. Denominou-a mesmo de “Lisboa Policultural”, onde todas as culturas estão presentes e misturadas em bom ambiente. Comentou que nunca o iria encontrar em sítios como chiado ou a baixa, pois esse tipo de aglomerado não são bem a sua onda, gosta de sítios mais amplos e Lisboa tem óptimos miradouros para tal.
Viajar é a sua vida, por vezes, como acontece em Portugal, consegue ficar em casa de amigos, contudo muitas das vezes que viaja por Espanha e pela Europa vai na sua furgoneta acompanhado pelo seu cão e esta passa a ser a sua humilde casa. Sair da sua zona de conforto enriquece-o, assim como o ajuda a crescer artística e criativamente. Raramente escolhe um destino,“deixa-se levar pela maré”, dando-lhe tempo para pensar e aproveitar os momentos que vive a solo. Por vezes encontra situações que nunca pensaria que existissem senão as tivesse vivido, como em Tenerife onde viu pessoas a viverem covas na praia num espécie de vida perdida pelo mundo ou em São Paulo, no Brasil, em que as crianças da favela vivem numa espécie de corda bamba todos os dias, entre a cadeia e a escola.
Depois de já ter passado quase uma hora de conversa, perguntei-lhe o que se via a fazer em 10 anos, uma pregunta da praxe, mas que muitas vezes a resposta é difícil de dar. No caso do Kevin, ele apenas quer estar satisfeito com aquilo que faz, poder ajudar os outros através da sua arte e pintar. Pintar murais pelo mundo com a ajuda das pessoas locais.
Não consegui dizer um até já sem antes comprar um das suas obras de arte, que mudam o tema consoante a cidade onde se encontra, e saber que estará por Lisboa até julho. Quem sabese não o encontrarei por um outro miradouro de Lisboa, quem sabe se não encontrarei numa outra qualquer parte do mundo.
About me
Loís Carvalho, 21 anos, Mundo. Existe um sem fim de sítios onde ir, pessoas por conhecer, vidas para viver, sonhos para alcançar, mundos por descobrir.