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Um Absurdo Sem Fim

07
Set16

Não tens medo?

Loís Carvalho

Não tens medo?

 

Hey Pessoal,

 

            A pergunta que mais vezes me fizeram nos últimos tempos quando falo do InterRail foi “Não tens/tiveste medo?”. O facto de ter viajado sozinho pela europa, sem um rumo propriamente traçado, sem nada planeado, apenas eu, o Sapo e uma mochila às costas espantou muitos dos que se cruzaram no meu caminho, tanto em viagem, como já em Portugal. Viajar sozinhos faz-nos entender muita coisa sobre nós próprio, o mundo e as pessoas que nele habitam. E por isso, esta publicação vai ser dedicada às coisas que aprendi nesta minha aventura europeia.

           

             Quase nunca estás sozinho

            Começando por desconstruir o mito número um de viajar sozinho, a verdade é que só estás sozinho quando realmente o desejas. Existe centenas de pessoas, para não dizer milhares, a viajar sozinhos e no mesmo sitio que tu. Quer sejam turistas ou locais, há sempre alguém com quem vais meter conversa e se vai tornar teu amigo durante algumas horas ou dias. Por vezes, acabas mesmo por conhecer uma cidade ou apenas beber uma cerveja num parque algures na companhia de um estranho, que deixou de ser assim tão estranho. Tive muitos momentos de solidão na nesta minha viagem, principalmente na parte das viagens de comboio por incrível que pareça contudo, guardo recordações de pessoas dos quatro cantos da europa e do mundo. Desde duas irmãs americanas, a um neo-zelândes, passando por coreanos, japoneses, tailandeses, indianos, canadianos, polacos, franceses, belgas, húngaros, checos, alemães, espanhóis e mexicanos. Não foi uma viagem pela Europa, foi um pouco pelo mundo também.

 

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            Não há zona de conforto

            A ideia de zona de conforto que temos no nosso cantinho sossegados deixa de existir. Na realidade, a nossa zona de conforto torna-se tão grande que não percebemos que esta já não existe. Ao viajar sozinhos apercebemo-nos que somos capazes de fazer mais do que aquilo que realmente achávamos, principalmente se não levarmos nada programado. Saber que não há “ninguém” que te possa ajudar porque estás sozinho, torna-te mais responsável, atento e perspicaz. Gerires o orçamento da viagem, marcar dormidas, saber onde tens de ir, acabam por ser tarefas que te ensinam pequenos truques para a vida.

 

Enjoy the view

             Afinal ainda há fé na humanidade

            Muitas vezes achamos que o mundo está perdido, que apenas existem pessoas más e terríveis. E por vezes a vida encarrega-se de nos dar uma “lambada” e ensinar-nos que não é bem assim. É fácil encontrar pessoas que te queiram ajudar quando estás sozinho. É óbvio que algumas podem não ter as melhores intenções contudo, tens de aprender a perceber se podes confiar nelas ou não. No caminho para Cracóvia conheci um rapaz de Cracóvia que me levou da estação ao hostel onde iria ficar. Quanddo no fim queria pagar-lhe alguma coisa, tipo um café ou assim, apenas me respondeu “Não é preciso, apenas quero que as pessoas tenham uma boa ideia dos polacos”. Por vezes apenas temos de dar uma chance para o mundo nos surpreender.

 

            Segue o teu instinto

            Não planeies, não reserves com meses de antecedência, não entres em pânico, simplesmente liga o “descomplicometro” e aproveita. Se aquele bar não parece seguro, não vás. Se a achas a rua demasiado escura, procura outra. Aquela pessoa não parece de confiança, encontra outro alguém. Por vezes o instinto é o nosso melhor amigo.

 Make your own planes

             Vai onde queres e não olhes para onde não queres

            Uma das coisas que adorei nesta viagem foi o facto de ter o poder de decidir o que quero fazer. Estar apenas dependente de nós e dos nossos gostos torna a viagem muito mais interessante. Ninguém se vai queixar se quiseres ficar duas horas a olhar para um quadro num museu, nem se quiseres ficar sentado a ver o pôr-do-sol ou mesmo se quiseres estar um final de tarde num qualquer parque de uma cidade, deitado na relva a ler um livro. O tempo é teu amigo e tu és dono dele. Faz aquilo que mais te dá prazer e aproveita cada segundo.

 

Freedom

 

            Liberdade

            Muitos pensamos que vivemos uma vida livre mas, quando olhamos à nossa volta, percebemos que na realidade vivemos aquilo que esperam de nós. Viajar sozinho vai relembrar-te que tu tens na tua mão os caminhos que queres seguir. Ninguém pode decidir por ti e a essa prisão de expectativas em que vives tem uma chave, apenas tens de olhar para o teu próprio bolso e abrir a porta.

 

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            Age como um local

            A verdade é que as pessoas só vão saber que és um turista se tu quiseres. Este foi um conselho que duas amigas americanas que conheci em Paris me deram. Não estás num grupo com guia, não precisas de andar sempre de mapa em punho, na realidade tens tudo para ser mais um na multidão. Não te atrapalhes, confia em ti, as pessoas só vão perceber quando tu falares inglês em vez da língua local. Em quase todos os países por onde passei tive esta experiencia e acreditem que nos torna mais felizes.

             

Be a local

 

 

             Simplesmente aproveita

            Podes ser quem tu quiseres durante a viajem, ninguém que te importe te poderá julgar. Aproveita cada segundo, cada sorriso, cada paisagem, cada rio, cada palácio, cada museu, cada pessoa que se cruza contigo, cada vez que te perdes numa cidade, cada beijo, cada noite e cada dia. Simplesmente aproveita-te. Aproveita para te conhecer e para perceberes o teu lugar no mundo. No fim, mesmo de depois de queres desistir ao 3º dia ou de te teres sentido sozinho um milhão de vezes, vais querer repetir a experiência que a solidão te trouxe. Vais querer sair à rua, numa cidade completamente estranha, com os fones nos ouvidos a ouvir aquela música que é tua naquele momento e vais largar um sorriso sem te aperceberes. Porque na realidade, estás a sentir que a vida finalmente te está a dar um verdadeiro momento só teu. Vais te sentir, (e desculpem a quote), infinito.

 

03
Set16

Budapeste

Loís Carvalho

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Hey Pessoal,

           

            Entre Cracóvia e Budapeste há uma pequena cidade na qual vale a pena descer do comboio para passar algumas horas. Apesar do seu tamanho é a capital do país onde se encontra. Falo de Bratislava, na Eslováquia. Não é uma cidade onde, na minha opinião, vale a pena passar mais que uma manhã ou um dia. Cheia de estátuas, igrejas, praças, terminando nas margens do Danúbio, é em tudo muito semelhante a Praga, na vizinha República Checa. Foram as águas do Danúbio que acabaram por me acompanhar na viagem de cerca de três horas que separa Budapeste de Bratislava.

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            Budapeste foi a derradeira, a última paragem desta minha aventura pelo continente europeu. Na verdade não podia ter escolhido melhor. Se há algum tempo atrás diziam que Amesterdão era a Meca dos InteRails, Budapeste está a tomar de assalto esse lugar. É uma cidade que conjuga a história e a cultura, com uma vida nocturna e animação indiscritíveis. Diria que um pouco como a nossa Lisboa, na realidade. Há sítios únicos neste diamante em bruto do leste europeu, como o Castelo de Buda, a Citadela e a sua vista de Peste, o Parlamento, o grande mercado, a ópera e a Praça do Heróis.

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            As próprias ruas contam-nos a história de uma cidade imperial, que os tempos se encarregaram de enriquecer. A quantidade pontes que unem os dois lados desta cidade tornam-na ainda mais incrível, especialmente quando a noite a conquista. Não há nada como um final de tarde na margem do Danúbio, do lado Buda, em frente ao Parlamento. O sol esconde-se, a escuridão sobe e as luzes acendem-se. Uma nova cidade ganha vida nesse momento. As pontes iluminadas, o Castelo, o Parlamento e o Danúbio tornam o ambiente mágico. Mas não é só aqui que a magia acontece durante a noite. A cidade está cheia de vida e turistas, existem bares em todas as esquinas. Por isso, animação não falta na cidade.

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            Budapeste é também conhecida pelas suas termas e, como este era o fim da linha para mim, tinha de as aproveitar. O meu último dia foi passado nos banhos termais Széchenyi. Três piscinas exteriores, uma delas a 38ºC todo ano, e sei lé eu quantas interiores com temperaturas entre os 18ºC e os 40ºC. Saunas, banhos turcos, massagens, spa, restaurante e muitos turistas tornam o ambiente destes banhos algo ótimo para um dia de relaxamento. Foi um dia muito bem passado e de muito descanso depois de duas semana a correr a Europa de Oeste a Este.

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            A verdade é que me apaixonei por uma cidade que antes tinha dito não querer ter muito interesse em conhecer. Foi quase um amor à primeira vista, houve uma sensação estranho no momento que cheguei à estação de Budapeste. Uma sensação de felicidade que mais tarde se comprovou. As pessoas, a vida, a agitação, a história, o ambiente da cidade e os banhos tornaram-na na melhor escolha para terminar esta minha aventura europeia.

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27
Ago16

Auschwitz e Weiliczka

Loís Carvalho

 

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Hey Pessoal,

            Muito perto de Cracóvia existem dois monumentos, que devido à sua importância mundial, não podem faltar na lista de sítios a visitar. Dois sítios bastante distintos, um lembra-nos quão o ser humano pode ser horrível e maquiavélico com a humanidade, já o outro mostra-nos como a humanidade consegue demonstrar beleza através da natureza. Falo de Auschwitz, local do maior campo de concentração Nazi da II guerra mundial, e de Weiliczka, uma mina de sal transformada numa cidade-monumento.

            Auschwitz

            O local onde a história aconteceu, na realidade, um nome que nunca nos vamos esquecer. Sempre que a expressão "campo de concentração” é dita a primeira ideia que temos em mente é a palavra Auschwitz, quer queiramos, quer não. Como devem imaginar, este foi um dos locais que mais me marcou durante a viagem. Saber que estava a pisar o mesmo chão onde um dia milhões de judeus e outros tantos polacos, ciganos, homossexuais, soviéticos estiveram presos, tratados de maneira desumana e mortos, faz-nos perceber que aquilo que aprendemos nas aulas de história foi muito real.

            Na realidade existem dois campos na pacata vila de Auschwitz, Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau. Auschwitz I, criado em 1940, localiza-se mesmo na vila de Auschwitz e conta com cerca de 40 edifícios, entre barracas, casa dos oficiais das SS, hospitais das SS, câmara de gás e crematório, cozinha e armazéns. A sua marca mais famosa é o portão de entrada com a célebre frase “Arbeit macht frei”, o trabalho liberta. Depois de passar por debaixo a inscrição, estamos oficialmente dentro do campo que inicialmente serviu como prisão para cidadãos polacos e só depois foi transformado num campo de extermínio. Atualmente, os edifícios são ocupados com exposições sobre as condições de vida dos prisioneiros, o trabalho forçado, as câmaras de gás e o extermínio. É possível ver a câmara de gás onde foram realizados os testes iniciais e o crematório usado neste campo. Contudo, para mim, o mais marcante de Auschwitz I, para além do portão de entrada, é quando entramos numa das salas das barracas e vemos que, por detrás de um vidro, existe imenso cabelo das vítimas do que ali aconteceu. Cabelo que era recolhido depois de estas serem mortas para ser vendido. Foi através do mesmo que se descobriu que os nazis usavam gás Zyklon B para matar os prisioneiros.

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            Auschwitz II- Birkenau fica a cerca de três quilómetros de Auschwitz I contudo, é possível realizar o caminho no autocarro gratuito do museu. A sua construção iniciou-se em 1941, devido à sobrelotação do campo-base Auschwitz I. Com uma área de aproximadamente 175 hectares e com mais de 300 edifícios, este foi o campo onde a maioria dos assassinatos aconteceram. Neste campo existiam quatro crematórios com câmaras de gás e duas câmaras de gás provisórias, que actualmente apenas podemos observar as suas ruínas. Ao entrar, vemos a zona de descarregamento onde se amontoavam os milhares de passageiros que eram retirados dos comboios quando ali chegavam. De um dos lados, ainda é possível observar as barracas de tijolo onde alojavam os prisioneiros tal e qual como quando o campo estava em funcionamento. Do outro, devido às barracas serem construídas de madeira e não tijolo, apenas podemos uma fileira destas, o resto são apenas ruínas. Percorri toda a rampa de descarregamento sobre os carris. Era uma sensação incrivelmente estranha a que senti. Olhar em volta e tudo estar cheio de flores selvagens e tão verde para um sítio com um passado tão negro. No fim destes carris, encontramos as ruínas das câmaras de gás que as SS tentaram destruir. Continuei a percorrer a estradas de terra batida entre arame farpado e torres de vigia até encontrar uma área cheia de lagos. Os lagos eram muitas vezes usados como depósitos das cinzas das vítimas daquele campo, bem como alguns terrenos descampados que por ali encontramos.

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            Auschwitz é um lugar ao qual todos nós, pelo menos uma vez na vida, devíamos ir. Por mais duro que seja, faz parte da história da humanidade. Faz parte da nossa história. Perceber a crueldade que ali aconteceu para além das secretárias das escolas é necessário para um futuro melhor. Uma das coisas que mais me marcou nos campos de concentração é que, apesar de toda a escuridão, tristeza e crueldade que nos fazem sentir, são sítios bastante verdes, dominados pela natureza que se ergue de novo, dominados por um respeito e paz inexplicável. É gratuito visitar este local contudo,contem com filas enormes caso queiram ter uma visita guiada pelos campos. E tal como é dito por ali, “É gratuito e está aqui para mostrar que os erros do passado não devem ser repetidos no futuro.”

 

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Weiliczka

 

            Uma mina de sal que se transformou numa cidade-monumento devido ao trabalho dos seus mineiros. Fica à distância de uma viagem de quarenta minutos de autocarro do centro de Cracóvia. Muitos de nós já ouvimos falar desta mina de sal nas aulas de geologia no secundário devido à sua riqueza a nível de património geológico. São duras horas e meia de caminhada por escadas, galerias, corredores, esculturas, capelas, lojas de recordações, lagos, um café, histórias e muito sal. Engana-se quem pensa que verá sal tal e qual como aquele que usamos em casa, aqui o sal tem uma cor acinzentada devido às impurezas que apresenta. É possível perceber a evolução nas técnicas de extracção de sal durante o tempo de funcionamento da mina.

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            Existe uma igreja incrível no interior desta mina onde é celebrada uma missa aberta ao público todos os domingos, bem como áreas onde é possível realizar banquetes, festas de anos, eventos, entre outras actividades. Os visitantes apenas percorrem três quilómetros e meio dos mais de 350 quilómetros de galerias que existem naquela zona.

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23
Ago16

Cracóvia

Loís Carvalho

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Hey Pessoal,

           

            Chegar ao terceiro ponto de paragem desta minha viagem foi uma grande aventura. O comboio que me levava de Praga para Ostrava, uma pequena vila na fronteira entre República Checa e a Polónia, atrasou-se, o que me fez perder o comboio que me levaria a Katowice. Como devem imaginar, lá estava eu numa pequena estação de comboios, tentando trocar o meu bilhete para o próximo comboio sem que a vendedora entendesse o que eu estava a dizer. Durante alguns minutos eu tentava explicar-lhe o que se tinha passado em inglês e ela respondia-me em checo. Tive a sorte de aparecer uma jovem que acabou por traduzir aquela pequena conversação para que pudesse seguir viagem. Chegado a Katowice era tempo de apanhar o comboio regional que me levaria a Cracóvia. Posso afirmar que, apesar de a viagem durar cerca de duas horas e quinze minutos e haver um comboio que a faz em apenas uma hora e meia, não a trocaria por nada.

            Era final do dia, depois de um dia longo em comboios fechados, fazer uma viagem de comboio com a janela meia aberta, a ver o pôr-do-sol tornou aquela viagem a melhor de todo o interrail. Foi momento que decerto me vou lembrar para sempre.

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            Cracóvia é uma cidade cheia de história e de vida. Ao contrário do que pensava, está cada vez mais cheia turistas e é fácil de perceber o motivo. A cidade foi construída em volta da Rynek Glówny, praça principal da cidade antiga, local onde fica a torre da câmara municipal, a Igreja de Santa Maria e o Sukiennice, um mercado renascentista que ainda nos dias de hoje serve para o efeito que foi construído. Tanto de dia como de noite as esplanadas desta praça estão cheias de turistas e há vendedores de flores, souvenirs e comida um pouco por todo lado.

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            Atravessando a praça da cidade antiga e subindo uma pequena colina é possível visitar o Castelo real de Wawel. Os castelos do lado mais oriental da Europa são muito diferentes daquilo que nós, portugueses, muitas vezes temos em mente. Existe uma basílica no seu interior, bem como o palácio real e a gruta do dragão. Segundo a lenda, em tempos um dragão andava a fazer desparecer os animais e os moradores da região. Nenhum dos cavaleiros mais valentes do reino conseguia matar este monstro e por isso o rei prometeu que quem o conseguisse casaria com a sua filha. Para espanto de todos, foi um fraco aprendiz de sapateiro com a ajudada de um “carneiro explosivo” que acabou com este monstro. No sopé do monte, junto ao rio Wista, é possível ver uma escultura de um dragão que cospe fogo, bem como visitar a gruta do dragão por debaixo do castelo.

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          Não muito longe do castelo fica o quarteirão judeu. Local onde durante a segunda guerra mundial foi construído o gueto da cidade para os judeus. Um local cheio de história, com locais a não perder como a sinagoga antiga ou antigo cemitério judeu.

         Atravessando o rio, e depois de alguns minutos a caminhar, encontramos um dos locais mais importantes da cidade, a fábrica de Oskar Schindler. A fábrica que este senhor usou como fachada para salvar milhar de judeus das mãos do regime nazi já não existe em completo, apenas a fachada e os portões da mesma. Nesse local podemos visitar o museu de arte contemporânea de Cracóvia e uma exposição sobre a cidade de Cracóvia e os judeus que ali moravam durante a segunda guerra mundial. Da fábrica original apenas é possível visitar o escritório de Schindler e  ver algumas das panelas e outros utensílios de metal que ali eram fabricados durante aquele tempo.

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            Cracóvia surpreendeu-me pela sua vida. O motivo que me trouxe a esta cidade polaca foi a sua importância na história do século passado. As jornadas mundiais da juventude realizaram-se nesta cidade no final do mês passado, mas continuam bastante presentes um pouco por todo lado. Ao contrário do que outras pessoas me tinham dito, os polacos foram uma grande surpresa para mim. Apesar de serem muito conservadores e protectores da sua cultura, um pouco devido aos acontecimentos históricos a que o seu país tem sido sujeito, são um povo simpático, comunicativo e bastante prestável.

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12
Ago16

Paris

Loís Carvalho

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Hey pessoal,

      A minha primeira paragem deste interrail foi Paris, a cidade da luz. Com apenas um dia para ver o mais possível desta tão grande cidade sabia que tinha de acordar cedo. Contudo, depois de uma noite e um dia em viagem de comboio, onde os bancos, apesar de confortáveis, não se comparam com uma boa cama, o corpo ganhou e acabei por apenas me levantar às 9:45. Foi tomar o pequeno almoço e arrancar à descoberta.

      Primeiro grande ponto turístico a visitar no meu plano era Torre Eiffel. Visitar Paris e não ver a Torre Eiffel, para além de ser quase impossível, é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa. A minha sugestão é ir pelo metro até ao Trocadéro e observá-la do grande terraço do Palais de Chailot. Como este se encontra um pouco mais alto que a base da torre a vista é magnífica e éum bom local para umas quantas fotos deste monumento. Descendo a escadaria do palácio está-se à distância de atravessar o Sena para nos encontrarmos debaixo da torre. Todavia, isso é mais difícil atualmente, pois existe um grande controlo de acesso, com direito a revista e tudo. Não subi à torre,deixei estar os pés bem aceites na terra e a trabalhar caminhando pelo Champ de Mars até chegar à Ecolé Militaire. Segui até ao museu do exército com a sua majestosa cúpula dourada, e, através da rua à sua direita, Blvd Des Invalides , cheguei à margem do Sena.

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     A minha paixão por água levou-me a deixar que o rio me guiasse pela cidade, apesar de estar a caminha contra a sua corrente. Nas margens deste rio fui observando a arquitetura desta cidade, que em nada se parece com qualquer cidade portuguesa. Na realidade é um pouco cinzenta demais para mim. Para além de todos os edifícios normais da cidade é possível observar alguns de maior importância nesta caminhada até à Íle de la Cité, a Assemblée Nationale, o Palais Grand, a Place de la Concorde, onde se encontra o obelisco egípcio, o Musée d'Orsay, o Jardin des Tulieries e o Louvre. Fui até à Íle de la Cité para visitar a Catedral de Notre Dame. Um conselho, apesar de haver uma longa fila para entrar na catedral, vale a pena esperar 20 minutos para observar o seu interior. Principalmente os vitrais da mesmas.

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       Recuei um pouco até ao Louvre, lugar que não podia faltar nesta minha visita. Foram duas horas de imersão cultural extrema, desde gregos a romanos, italianos, franceses, espanhóis. Arte de todo mundo, ali naquela palácio. Óbvio que, apesar das incríveis salas originais do palácio que foram preservadas como se ainda Napoleão III ou Marie Antoinette lá vivessem, é a obra de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa, que atrai mais turistas. Como se fosse um íman onde dezenas de pessoas se amontoam e acotovelam pela melhor foto. Outras obras, como a Vénus de Milo, fazem também parte do espólio deste museu.

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      Depois do Louvre era tempo de visitar algo que começou em Paris e neste momento há em todo mundo, o Ritz Hotel. Apesar de não ser um ponto turístico no mapa, podem crer que vale muito a pena os 20 minutos que se "perdem" ali. Segui até à Ópera de Paris onde apanhei o metro até a um dos melhores miradouros da cidade, a Basilique du Sacré-Cœur. Depois de um dia a andar, avistar a escadaria que me levaria ao topo levou-me a pensar duas vezes se a subiria. Mas, já que estava ali tão perto não queria morrer na praia. E não me arrependo nada desse esforço. Não sei se foi Non, Je Ne Regrette Rien ou La Vie En Rose que tocava na coluna de um artista de rua que ali se encontrava ou se foi a luz que a cidade tinha neste final de tarde, apenas posso dizer que foi uma imagem incrível e que ficará na minha memória para sempre. Troquei dois dedos de conversa com um belga que estava ao meu lado a ver aquele quadro magnífico e a opinião era igual. Com a noite quase a cair, ainda houve tempo para uma visita rápida ao Moulin Rouge e o seu moinho vermelho. E assim terminava o meu dia em Paris.

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     Ao contrário da grande maioria das pessoas, nunca fui um grande apreciador de Paris, contudo, tinha de lhe dar uma segunda oportunidade. Continuo a não ser o seu maior fã, apesar de toda a luz que tem à noite, durante o dia é cinzenta devido aos seus prédios. Todavia, esta conquistou um pouco mais de mim com aquela vista do Sacré-Cœur. Das maiores dificuldades que tive na cidade é a comunicação, como bons franceses que os parisienses são, poucos são aqueles que se esforçam para falar inglês, mesmo numa cidade tão turística. Estive cerca de 15 minutos para que encontrassem alguém que falasse inglês nas vendas da estação de Montparnasse. Outro aspeto bastante notável na cidade é o decréscimo de turismo e a forte presença militar. Não com toda a certeza, mas parece-me que a nossa capital está a ficar mais turística que Paris. E depois do que aconteceu em Novembro do ano passado, entendo o porque de revistarem as malas e as pessoas em todo lado e o facto de haver militares armados a patrulhar as ruas. Já estou conhecer uma outra paragem, mas essa só saberão qual é na próxima publicação. Quer dizer, se já não me seguirem no Instagram, loisthings, ou no Snapchat, loiscarvalho1. (Prometo que no final da viagem haverá uma publicação para cada cidade só com fotografias)

11
Ago16

À Descoberta de Uma Europa

Loís Carvalho

 

Hey Pessoal,

 

     A verdade é que nas últimas duas semanas muita coisa mudou. Já não estou do

Snapchat-2334363541989760563.jpgoutro lado oceano, encontro-me em território europeu. Não digo Portugal porque já não é esse o caso. Regressei ao nosso canto à beira mar plantado na segunda feira, dia 1 de agosto. Contudo, apenas cheguei eu e uma das minhas malas, a outra encontrava-se perdida no mundo, o que é bastante bom. Depois de reclamar não há muito a fazer, a não ser esperar. Ligava para lá todos os dias, cheguei a ir ao aeroporto ver uma enorme quantidade de malas. Todavia, nenhuma me pertencia, ainda por cima com a roupa toda. Até que, numa nova atitude de desespero, fui na quinta feira, dia 4, voltei ao aeroporto e por, talvez, magia lá estava a mala. 

       Neste momento devem estar pensar por que raio estava eu com tanta pressa para ter a mala. Mas a explicação é bastante simples. Para além de estar lá grande parte da minha roupa, precisava dessa mesma roupa para uma outra "aventura",uma um pouco mais complicada. Para o Interrail.

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        Em maio, ganhei um passe de interrail num concurso da representação da união europeia em Portugal. E, antes que o tempo se esgota-se e ter de voltar a estudar, tinha de partir. Assim foi, na última segunda feira, dia 8 , pelas 21:30 na gare do oriente lá estava eu de mala às costas e ao peito, na companhia do meu Sapo para descobrir uma Europa que cada vez está mais esquecida. O suc-expresso levou-me até Hendaye, numa viagem de 14 horas na qual dormir é complicado, pois os bancos não são muito confortáveis. Daí apanhei o TGV até à cidade da luz, Paris. No próximo post contarei como foi a minha estadia por essas bandas.

     Por isso, espero que durante as próximas semanas acompanhem está minha aventura pelos comboios e cidades europeias, onde o limite serei eu próprio,( e o dinheiro, mas aí dá-se a volta à questão). Uma das vantagens de viajar sozinho. 

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Loís Carvalho, 21 anos, Mundo. Existe um sem fim de sítios onde ir, pessoas por conhecer, vidas para viver, sonhos para alcançar, mundos por descobrir.

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