Entre Cracóvia e Budapeste há uma pequena cidade na qual vale a pena descer do comboio para passar algumas horas. Apesar do seu tamanho é a capital do país onde se encontra. Falo de Bratislava, na Eslováquia. Não é uma cidade onde, na minha opinião, vale a pena passar mais que uma manhã ou um dia. Cheia de estátuas, igrejas, praças, terminando nas margens do Danúbio, é em tudo muito semelhante a Praga, na vizinha República Checa. Foram as águas do Danúbio que acabaram por me acompanhar na viagem de cerca de três horas que separa Budapeste de Bratislava.
Budapeste foi a derradeira, a última paragem desta minha aventura pelo continente europeu. Na verdade não podia ter escolhido melhor. Se há algum tempo atrás diziam que Amesterdão era a Meca dos InteRails, Budapeste está a tomar de assalto esse lugar. É uma cidade que conjuga a história e a cultura, com uma vida nocturna e animação indiscritíveis. Diria que um pouco como a nossa Lisboa, na realidade. Há sítios únicos neste diamante em bruto do leste europeu, como o Castelo de Buda, a Citadela e a sua vista de Peste, o Parlamento, o grande mercado, a ópera e a Praça do Heróis.
As próprias ruas contam-nos a história de uma cidade imperial, que os tempos se encarregaram de enriquecer. A quantidade pontes que unem os dois lados desta cidade tornam-na ainda mais incrível, especialmente quando a noite a conquista. Não há nada como um final de tarde na margem do Danúbio, do lado Buda, em frente ao Parlamento. O sol esconde-se, a escuridão sobe e as luzes acendem-se. Uma nova cidade ganha vida nesse momento. As pontes iluminadas, o Castelo, o Parlamento e o Danúbio tornam o ambiente mágico. Mas não é só aqui que a magia acontece durante a noite. A cidade está cheia de vida e turistas, existem bares em todas as esquinas. Por isso, animação não falta na cidade.
Budapeste é também conhecida pelas suas termas e, como este era o fim da linha para mim, tinha de as aproveitar. O meu último dia foi passado nos banhos termais Széchenyi. Três piscinas exteriores, uma delas a 38ºC todo ano, e sei lé eu quantas interiores com temperaturas entre os 18ºC e os 40ºC. Saunas, banhos turcos, massagens, spa, restaurante e muitos turistas tornam o ambiente destes banhos algo ótimo para um dia de relaxamento. Foi um dia muito bem passado e de muito descanso depois de duas semana a correr a Europa de Oeste a Este.
A verdade é que me apaixonei por uma cidade que antes tinha dito não querer ter muito interesse em conhecer. Foi quase um amor à primeira vista, houve uma sensação estranho no momento que cheguei à estação de Budapeste. Uma sensação de felicidade que mais tarde se comprovou. As pessoas, a vida, a agitação, a história, o ambiente da cidade e os banhos tornaram-na na melhor escolha para terminar esta minha aventura europeia.
A minha primeira paragem deste interrail foi Paris, a cidade da luz. Com apenas um dia para ver o mais possível desta tão grande cidade sabia que tinha de acordar cedo. Contudo, depois de uma noite e um dia em viagem de comboio, onde os bancos, apesar de confortáveis, não se comparam com uma boa cama, o corpo ganhou e acabei por apenas me levantar às 9:45. Foi tomar o pequeno almoço e arrancar à descoberta.
Primeiro grande ponto turístico a visitar no meu plano era Torre Eiffel. Visitar Paris e não ver a Torre Eiffel, para além de ser quase impossível, é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa. A minha sugestão é ir pelo metro até ao Trocadéro e observá-la do grande terraço do Palais de Chailot. Como este se encontra um pouco mais alto que a base da torre a vista é magnífica e éum bom local para umas quantas fotos deste monumento. Descendo a escadaria do palácio está-se à distância de atravessar o Sena para nos encontrarmos debaixo da torre. Todavia, isso é mais difícil atualmente, pois existe um grande controlo de acesso, com direito a revista e tudo. Não subi à torre,deixei estar os pés bem aceites na terra e a trabalhar caminhando pelo Champ de Mars até chegar à Ecolé Militaire. Segui até ao museu do exército com a sua majestosa cúpula dourada, e, através da rua à sua direita, Blvd Des Invalides , cheguei à margem do Sena.
A minha paixão por água levou-me a deixar que o rio me guiasse pela cidade, apesar de estar a caminha contra a sua corrente. Nas margens deste rio fui observando a arquitetura desta cidade, que em nada se parece com qualquer cidade portuguesa. Na realidade é um pouco cinzenta demais para mim. Para além de todos os edifícios normais da cidade é possível observar alguns de maior importância nesta caminhada até à Íle de la Cité, a Assemblée Nationale, o Palais Grand, a Place de la Concorde, onde se encontra o obelisco egípcio, o Musée d'Orsay, o Jardin des Tulieries e o Louvre. Fui até à Íle de la Cité para visitar a Catedral de Notre Dame. Um conselho, apesar de haver uma longa fila para entrar na catedral, vale a pena esperar 20 minutos para observar o seu interior. Principalmente os vitrais da mesmas.
Recuei um pouco até ao Louvre, lugar que não podia faltar nesta minha visita. Foram duas horas de imersão cultural extrema, desde gregos a romanos, italianos, franceses, espanhóis. Arte de todo mundo, ali naquela palácio. Óbvio que, apesar das incríveis salas originais do palácio que foram preservadas como se ainda Napoleão III ou Marie Antoinette lá vivessem, é a obra de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa, que atrai mais turistas. Como se fosse um íman onde dezenas de pessoas se amontoam e acotovelam pela melhor foto. Outras obras, como a Vénus de Milo, fazem também parte do espólio deste museu.
Depois do Louvre era tempo de visitar algo que começou em Paris e neste momento há em todo mundo, o Ritz Hotel. Apesar de não ser um ponto turístico no mapa, podem crer que vale muito a pena os 20 minutos que se "perdem" ali. Segui até à Ópera de Paris onde apanhei o metro até a um dos melhores miradouros da cidade, a Basilique du Sacré-Cœur. Depois de um dia a andar, avistar a escadaria que me levaria ao topo levou-me a pensar duas vezes se a subiria. Mas, já que estava ali tão perto não queria morrer na praia. E não me arrependo nada desse esforço. Não sei se foi Non, Je Ne Regrette Rien ou La Vie En Rose que tocava na coluna de um artista de rua que ali se encontrava ou se foi a luz que a cidade tinha neste final de tarde, apenas posso dizer que foi uma imagem incrível e que ficará na minha memória para sempre. Troquei dois dedos de conversa com um belga que estava ao meu lado a ver aquele quadro magnífico e a opinião era igual. Com a noite quase a cair, ainda houve tempo para uma visita rápida ao Moulin Rouge e o seu moinho vermelho. E assim terminava o meu dia em Paris.
Ao contrário da grande maioria das pessoas, nunca fui um grande apreciador de Paris, contudo, tinha de lhe dar uma segunda oportunidade. Continuo a não ser o seu maior fã, apesar de toda a luz que tem à noite, durante o dia é cinzenta devido aos seus prédios. Todavia, esta conquistou um pouco mais de mim com aquela vista do Sacré-Cœur. Das maiores dificuldades que tive na cidade é a comunicação, como bons franceses que os parisienses são, poucos são aqueles que se esforçam para falar inglês, mesmo numa cidade tão turística. Estive cerca de 15 minutos para que encontrassem alguém que falasse inglês nas vendas da estação de Montparnasse. Outro aspeto bastante notável na cidade é o decréscimo de turismo e a forte presença militar. Não com toda a certeza, mas parece-me que a nossa capital está a ficar mais turística que Paris. E depois do que aconteceu em Novembro do ano passado, entendo o porque de revistarem as malas e as pessoas em todo lado e o facto de haver militares armados a patrulhar as ruas. Já estou conhecer uma outra paragem, mas essa só saberão qual é na próxima publicação. Quer dizer, se já não me seguirem no Instagram, loisthings, ou no Snapchat, loiscarvalho1. (Prometo que no final da viagem haverá uma publicação para cada cidade só com fotografias)
A verdade é que nas últimas duas semanas muita coisa mudou. Já não estou do
outro lado oceano, encontro-me em território europeu. Não digo Portugal porque já não é esse o caso. Regressei ao nosso canto à beira mar plantado na segunda feira, dia 1 de agosto. Contudo, apenas cheguei eu e uma das minhas malas, a outra encontrava-se perdida no mundo, o que é bastante bom. Depois de reclamar não há muito a fazer, a não ser esperar. Ligava para lá todos os dias, cheguei a ir ao aeroporto ver uma enorme quantidade de malas. Todavia, nenhuma me pertencia, ainda por cima com a roupa toda. Até que, numa nova atitude de desespero, fui na quinta feira, dia 4, voltei ao aeroporto e por, talvez, magia lá estava a mala.
Neste momento devem estar pensar por que raio estava eu com tanta pressa para ter a mala. Mas a explicação é bastante simples. Para além de estar lá grande parte da minha roupa, precisava dessa mesma roupa para uma outra "aventura",uma um pouco mais complicada. Para o Interrail.
Em maio, ganhei um passe de interrail num concurso da representação da união europeia em Portugal. E, antes que o tempo se esgota-se e ter de voltar a estudar, tinha de partir. Assim foi, na última segunda feira, dia 8 , pelas 21:30 na gare do oriente lá estava eu de mala às costas e ao peito, na companhia do meu Sapo para descobrir uma Europa que cada vez está mais esquecida. O suc-expresso levou-me até Hendaye, numa viagem de 14 horas na qual dormir é complicado, pois os bancos não são muito confortáveis. Daí apanhei o TGV até à cidade da luz, Paris. No próximo post contarei como foi a minha estadia por essas bandas.
Por isso, espero que durante as próximas semanas acompanhem está minha aventura pelos comboios e cidades europeias, onde o limite serei eu próprio,( e o dinheiro, mas aí dá-se a volta à questão). Uma das vantagens de viajar sozinho.
About me
Loís Carvalho, 21 anos, Mundo. Existe um sem fim de sítios onde ir, pessoas por conhecer, vidas para viver, sonhos para alcançar, mundos por descobrir.