Como qualquer grande cidade no mundo, Toronto tornou-se numa cidade multicultural no século passado, continuando-o a ser e fortalecer essa mesma característica de uma forma envolvente e pacífica. Como já afirmei numa publicação anterior, toda gente que vive nesta cidade fá-lo de forma pacífica, independentemente da cultura, raça, opções ou género. Todos se aceitam.
Um dos locais onde mais se pode observar esta incrível dinâmica da cidade é em Kensington Market. Uma espécie de quarteirão transformado num gigante mercado onde muitos imigrantes se estabeleceram e abriram os seus negócios. Uma espécie de Martin Moniz de Lisboa misturado com a famosa Camden Town Londrina. É possível ver ainda restos de uma presença portuguesa neste local bem como a chegada de muitas culturas asiáticas e das caraíbas.
Foi neste mercado que conheci a Bhavna Sham, uma senhora indiana que vive em Toronto há cerca de 6 anos. Apesar de ser indiana e de se orgulhar imenso disso, trocou a sua terra natal na Índia pela Florida nos E.U.A. para poder assegurar um futuro melhor para a sua filha. Na verdade, é a sua filha que a traz a terras canadianas, confidenciou-me. Neste momento, a filha está a estudar na universidade de Toronto e, depois de ter estado afastada algum tempo da mesma, percebeu que tinha de vir ter com ela para poder ajudá-la por estas bandas. E com isto passaram 6 anos que vive em Toronto, e quando me afirmou este facto senti uma felicidade incrível no olhar. Perguntei o porque de ser tão importante o facto de terem passado seis anos e, com o mais sinceros dos sorrisos, obtive uma resposta simples, todavia poderosa, “Estou quase a ganhar a nacionalidade”.
Bhavna é artista visual, mas em Kensington faz tatuagem com Henna e isso orgulha-a imenso. “É uma maneira de mostrar a minha cultura e trabalhar ao mesmo tempo”, é simplesmente isso. Explicou-me que nenhuma noiva na Índia se casa sem ter estas tatuagens e, uma vez, demorou nove horas e meia para fazer os braços e as pernas inteiros de uma noiva. A sua paixão pela sua nação levou-a a querer explicar-me mais sobre a mesma. “As coisas na Índia são muito diferentes. É uma cultura completamente diferente, só línguas oficiais são 24. A comida é diferente, as pessoas são diferentes e os cheiros… os cheiros são tão diferentes dos daqui”, confidenciou-me.
Quando a sua filha acabar o curso espera voltar para a Florida, pois apaixonou-se por aquele local e de lá não quer sair. Talvez venha para Toronto durante o verão posteriormente, mas quem sabe. Nos próximos 10 anos espera crescer ainda mais como artista visual. Sonha em criar tatuagem de henna branca e 3D, um projecto arriscado e inovador mas do qual não desiste.
Se se estão a perguntar se eu fiz uma viagem pela Europa deixem de perguntar, pois, infelizmente, isso não aconteceu. Não é necessário sair de Lisboa para dar a volta ao mundo em 8 horas. A diversidade cultura da nossa capital tem progredindo exponencialmente, tanto devido aos imigrantes, como aos estudantes de Erasmus.
Mais uma vez, a história de hoje passou-se numa noite, não depois do trabalho, mas sim, numa noite de diversão. Pela primeira vez na vida saí à noite sozinho, coisa que não me arrependo nada de ter feito. Aliás, é uma ótima razão para tentar fazer novos amigos e não nos sentirmos tão sozinhos. Depois de uma visita rápida a alguns bares no Bairro Alto, como "A Capela", que, desde já, recomendo uma visita quando passarem por Lisboa, desci até ao Cais do Sodré. Aí, encontrei um Irish Pub com música ao vivo, o O'Gilins. O O'Gilins é um típico Irish Pub onde a maioria dos clientes são estrangeiros, apesar dos portugueses começarem a apreciar este tipo de bares. Ao entrarmos no Pub somos transportados para a Irlanda como que por magia de um "leipreachán", sem nunca sairmos do Cais do Sodré. Todas as sextas e sábados oferece-nos pequenos e incríveis concertos de música irlandesa. Entre música, conversas e gargalhadas passaram-se duas horas de bom ambiente e disposição. Um Pub com imensa personalidade, simpatia, boa música, imensos tipos de cerveja. Espero um dia voltar, mais cedo, para puder desfrutar de um jantar pois, este Pub é também conhecido pela sua comida, fiquei eu a saber naquela noite. Quando o concerto acabou no O'Gilins, decidi que já estava na hora de ir para casa, pois trabalhava no dia a seguir. Como costume, lá fui eu apanhar o meu 202, desta vez ali mesmo no Cais. Desta vez, tive o prazer de conhecer não uma, mas três raparigas super simpáticas, a Sara, a Veronika e a Tamara. Vêm da Eslovénia e, tal como muitos outros jovens, estão em Lisboa devido ao programa ERASMUS. Todas eles estudam sociologia e escolheram o nosso país por ser o único que aceitava as três na mesma faculdade. Perguntei o que estavam a achar de Lisboa, já que a escolha tinha sido por aqueles motivos e não pela cidade em si. Tal como muitos outros, responderam-me que era uma cidade maravilhosa, muito bonita e barata em comparação com outras capitais europeias. Confidenciaram-me que, ao contrário do que ouvem sobre Portugal, as pessoas têm sido um bocado rudes com elas, tanto nas lojas como no metro. Claro que tentei desculpar todos esses meus compatriotas, é normal que, por vezes, nos transportes públicos as pessoas estejam de mau humor, quer seja de manhã porque cedo, quer seja ao fim do dia depois de um dia de trabalho.
Depois de mais uns minutos de conversa, e já dentro do autocarro, houve outro assunto que veio à baila na conversa. O patriotismo, o tradicionalismo e o saudosismo português. Estas três raparigas da Eslovénia vêem os portugueses como um povo bastante patriota e agarrado à sua língua. Por diversas vezes já ouviram comentários típicos de um qualquer português, "Estás em Portugal, falas Português". Têm, mesmo, um professor na faculdade que as obriga a assistir às aulas em português, Talvez tenha a esperança que aprendamos português em seis meses só a ouvi-lo falar, disseram enquanto soltavam um gargalhada. Quem sabe, talvez se vocês falarem em eslovaco para ele durante seis meses ele aprenda também, retorqui na brincadeira.
Aqui fica um video de um dos melhores momentos da noite no O'Gillins, onde podem (tentar) ver as a animação, pessoas a dançar nas mesas e a cantar. Desculpem a má qualidade do video, mas foi o possível.
Sinto-me fragmentado, partido em mil pedaços, pequenos e redundantes. Sem nada, um invólucro vazio, apenas existe espaço no interior. Para onde foste força interior? Para onde foi aquela voz da minha cabeça? Fugiste por perceberes com o que estavas a lidar? Calaste-te porque nada mais havia para dizer? Deixaste-me assim, sem nada sem ninguém, sem coisa alguma e com as coisas todas. Sem tudo e com nada. Sem vida e sem morte.
Manta de retalhos que aprecio dentro de mim, não sei, não há, não posso, não quero. Tudo o que é deixa de ser, tudo o que era volta a não ser. O que sou, o que fui, o que serei, talvez nada porque um nada que é tudo alguma coisa será. E alguma coisa ao menos é. Pode ser quase nada. Quem me dera ser um inconsciente consciente. Invejo todos esses que vivem assim, com alma mas, sem ela,pensando que a têm e que a sabem tão bem usar. Por fim nada mais que nada são.
Ohh ceifeira continua sempre a cantar que Pessoa continuará a ouvir-te! Até gostava de te ouvir mas, nem isso eu consigo. Continuai a brincar gato por essas ruas de vida, porque tu pelo menos brincas, já eu só penso.
Um dia gostava de ser tu, para poder ser eu. Todo desfeito e meio feito, talvez feito inteiro sem nada feito. Talvez apenas mais um invólucro de nada, completamente vazio ou com tudo, quem sabe o que mudará.
Sei que tudo será, um dia, algo. Talvez será nada, mas sendo nada será alguma coisa, Uma alma retalhada será um algo, apesar de pouco e pequeno, será um monte de retalhos que tentaram unir-se e no fundo não colam a nada, pois não há nada para colar. Nada será bom e suficiente para que se cosam esses retalhos de todas essas almas.
Espero não ter solução para a solução que quero, preciso que seja solucionada, mas não sei se quero que o seja.
Ohh almas inconscientes deste mundo, levai-me para os vossos jardis, deixai-me perder lá e tornai-me um de vós se toda esta dor desaparecer. Serei um dos milhares, mas serei um deles e não um estranho como tenho sido até então. Serei alguma coisa, pelo menos, desta vez.
About me
Loís Carvalho, 21 anos, Mundo. Existe um sem fim de sítios onde ir, pessoas por conhecer, vidas para viver, sonhos para alcançar, mundos por descobrir.