Apesar de estar em Toronto há pouco mais de uma semana, posso afirmar que ainda não fiz nada de muito turístico nesta cidade. A razão pela qual tomei esta decisão é muito simples, para mim viajar não é só conhecer os pontos turísticos de uma cidade, é realmente submergirmo-nos numa cultura diferente, num modo de vida de um outro local. Posso dizer que foi isso o que realizei na última semana, literalmente. O facto de estar com família que vive cá ajudou-me bastante nesse processo, pude acompanhá-los durante algumas partes do seu dia-a-dia e questioná-los imenso sobre as diferenças entre os dois países.
Coisas que todos esperamos e são uma realidade: os carros são automáticos, o tamanho de tudo é maior, desde comida a roupa, passando por edifícios e carros, são simpáticos e educados, existe muita comida pré-feita, existem 300 sabores diferentes para a pepsi e a coca-cola, bem como uma considerável quantidade de outros produtos alimentares com que nunca sonhámos. Um Starbucks em cada quarteirão e um Tim Horton’s em cada esquina. Acima de tudo, não são americanos, apenas adaptaram alguns dos seus hábitos ao seu dia-a-dia.
Algo bastante simples e que utilizamos todos os dias e em qualquer parte do dia é o dinheiro. O Canadá tem como unidade monetária o dólar canadiano. Um dólar canadiano é, aproximadamente, cerca de 69 cêntimos. Contudo, os preços que se praticam em algumas coisas no mercado cá não se podem comparar com os preços em Portugal. Um dos factos engraçados é que as notas são feitas de um material parecido com plástico, o que dá imenso jeito quando estas se molham, ao contrário das notas de euro. As notas de 20 dólares apresentam-nos, nada mais, nada menos, que sua Majestade The Queen e as moedas têm a bandeira ou animais relacionados com o país, como o castor.
Apesar de os portugueses serem vistos como um povo bastante simpático, a verdade é que o somos mais com os estrangeiros do que propriamente entre nós. Deste lado do oceano, independentemente de seres estrangeiro ou local, toda a gente é bastante simpática e muito educada. Existem sempre exceções como em todo lado, contudo, de um modo geral, as pessoas cumprimentam-se e metem conversa sempre com um sorriso e algumas palavras de carinho. Entre “Hey. How are you today?” e “ It’s a lovely day outsider, maybe too much hot for me” aparece sempre um conversa casual como se fossem amigos. Esse facto agradou-me bastante, pois é algo que a mim me faz sentir acolhido.
Existem muito poucas pessoas que se possam dizer canadianas, por uma simples razão. Sendo o Canadá um país com pouco mais de 300 anos de história que teve como base duas grandes nações daquele tempo, Inglaterra e França, é um país onde o Melting Pot e o Salad Bowl são duas teorias demográficas bastante fáceis de identificar. É fácil de ver pessoas de todo o mundo numa cidade como Toronto, ou pelo menos descendentes de pessoas de todo mundo. Muitos deles já nasceram por estas bandas, é um facto, mas continuam a preservar características e tradições dos seus antepassados. Porém, e apesar de toda a mistura que existe, desde europeus, asiáticos, africanos e médio-oriente, todas as pessoas vivem e convivem sem existirem grandes problemas de discriminação ou segregação. Pelo contrário, existe um espírito de respeito e de aprendizagem muito maior.
Devido a toda esta mistura de culturas, as pessoas tendem a ter uma mentalidade muito mais aberta. Vêm as coisas de uma outra perspectiva. A aceitação da vida é feita de uma maneira mais natural. As pessoas são interessantes e importantes por quem são e não rotuladas ou postas de parte por isso. Facilmente se vê, mesmo nas vizinhanças mais ricas da cidade, pessoas de fato de treino a fazer caminhadas ou às compras nos supermercados gourmet. Ao contrário de outros países, não existe uma cultura do “show off”, do “Eu tenho e por isso vou mostrar a todo mundo”.
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Apesarda minha paragem aqui, a minha vida como gapper não tem parado. Trabalho todosos dias, comecei a estudar para o único exame que vou fazer e tenho aproveitadopara conhecer alguns restaurantes e cafés que existem pela nossa capital.Normalmente, como já devem ter reparado, procuro aqueles que me possamproporcionar experiências gastronómicas um pouco diferentes das portuguesas.Desta vez, depois da Foccacia in Giro, apresento-vos o The George.
OThe George, um pub bastante intimista localizado no coração da vida lisboeta,surpreende-nos logo com o seu ar sóbrio, contudo bastante requintado. Oconjunto de arcarias pombalinas misturadas com referências à cidade de Londrese ao Reino Unido, transportam-nos para uma realidade paralela onde podíamosimaginar o Marquês de Pombal a saborear uma Carling ou uma London Pride. Eu,como apaixonado pela UK que sou, deliciei-me só de entrar naquele lugar. Foirecebido por um empregado bastante simpático que me acompanhou até a uma dasmesas corridas que existem no bar. Há também a opção de ficar em sofás epoltronas, mas estavam todos reservados naquela noite.
Ovo Benedict
Apósuma leitura atenta à ementa bastante adequado à temática do bar, decidi pediruns ovos benedict, para entrada, e uma sandes club como prato principal. Paraacompanhar, como não podia deixar de ser, uma cerveja Carling, algo bastantebritânico, muito menos alcoólica que a cerveja portuguesa, porém bastanteagradável na mesma. Não demorou muito até me ser servido o ovo benedict numapedra de xisto, onde o empratamento era incrível. Ao dar a primeira garfada omeu paladar juntou-se à minha imaginação numa viagem pelos tradicionais pratosingleses. O molho holandês que acompanha este prato faz a ligação perfeitaentre o ovo no ponto e o muffin estaladiço. Uma combinação perfeita entre ovo,salmão fumado, queijo cheddar e molho holandês fazem-me dar nota 11 numa escalade 0/10 a este prato.
Sandes Club
Terminada a entrada, era tempode receber o meu prato principal, que, apesar de ser uma sandes, não deixa nadaa desejar. Ao primeiro olhar percebemos que não se trata de um pão qualquer,mas sim de pão brioche. Por si só vale alguns pontos extras, a meu ver. Maisuma vez, a apresentação do prato é um ponto forte. Era possível distinguir cadaingrediente que compunha a sandes. O frango grelhado no ponto, a frescura daalface e do tomate e mais uma vez o molho faziam o sabor desta sandes ser debradar aos céus. As batatas fritas ou chips, como vinha no menu, são um toquemuito agradável.
Faltava apenas mais uma faseneste meu jantar britânico, a sobremesa. Pedi uma tarte de maçã com gelado demaçã reineta. O sabor desta confecção era bastante encantador, apesar da faltade ligação entre as maçãs e a massa da tarte. O gelado de maçã reineta valiapor toda a sobremesa. Pensei que teria de assaltar a cozinha num outro dia parapoder deliciar-me com mais umas quantas colheres deste incrível gelado.
Tarte de maçã com gelado de maçã reineta
Após a refeição e com a bebidano fim, decidi pedir uma sugestão ao empregado simpático que me atendeu duranteo jantar para mais uma cerveja. Pedindo-lhe apenas que me trouxesse algosurpreendente. Foi-me trazido uma Bavaria Weiss de 1927, uma reserva deselecção da Super Bock.
OGeorge é, usualmente, palco de pequenos concertos que acompanham o jantar e anoite de quem quiser ali permanecer. Celebrou muito recentemente o seu 1º aniversárioe acredito que celebrará muitos mais para que traga o melhor da culturabritânica à nossa capital.
Ainda antes do Natal fui fazer uma visita a mais um restaurante de Lisboa, peço desculpa só publicar agora o meu "review" mas o trabalho, o natal e o fim de ano deram cabo de mim. Como já devem ter percebido, sou um apaixonado por velharias, aquilo que agora chamamos de vintage stuff, e em Lisboa existe um sítio perfeito para pessoas como eu. A feira da ladra do campo de Santa Clara. Foi numa das minhas visitas a essa feira que encontrei um pequeno restaurante/taberna italiana mas com um ar bastante português.
Focaccia in Giro é o nome da tal taberna italiana que começa logo por nos surpreender com a sua decoração. A garagem onde se localiza parece um pouco de Itália trazida para Portugal e misturada com a nossa cultura. Esta decoração vintage italiana contrasta com os tampos das mesas forrados a azulejos bastante portugueses. Após este primeiro deslumbramento, encontrei empregados bastante simpáticos e uma pequena carrinha fazer de balcão. Na realidade, não percebia muito bem o que se comia ali, mas foi tentando descobrir o que realmente era uma Focaccia.
Como entrada pedi uma Bruchetta caprese, tomate e mozarella, de entre as quatro existentes, escolhi depois um Focaccia Prosciuto, presunto de parma, philadelfia e rúcula e acompanhei tudo isto com um sumo natural de hibisco e gengibre. Uma focaccia na realidade é uma sandes divinal num pão um pouco diferente ao que estamos habituados em Portugal.
À primeira trinca que dei na minha Focaccia senti-me transportado para uma pequena aldeia cheia de casas junto ao mediterrâneo tal como vemos nos filmes italianos. Tudo o que é produzido neste restaurante é feito com produtos portugueses e italianos, sempre seguindo os ensinamentos da avó Giovanna. Como sobremesa das variadas opções apresentadas, é quase óbvio que pedi a mais italiana do menu, um canolo siciliano. Feito com queijo e chocolate envolvidos numa massa estaladiça e perfeita. A vontade de comer outro deu-se logo em mim, mas tive de resistir à tentação pois acho que não seria só mais um.
A Focaccia in Giro começou num negócio sobre rodas, que durante os meses mais quentes percorre a cidade de Lisboa e tem esta pequena garagem italiana no Campo de Santa Clara aberta de Terça a Domingo das 9:00 às 18:00, tendo ao fim de semana também uma deliciosa opção de pequeno almoço. Lisboa tem desta pequenas viagens todos os dias se soubermos aproveitá-las
Loís Carvalho, 21 anos, Mundo. Existe um sem fim de sítios onde ir, pessoas por conhecer, vidas para viver, sonhos para alcançar, mundos por descobrir.