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Um Absurdo Sem Fim

27
Ago16

Auschwitz e Weiliczka

Loís Carvalho

 

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Hey Pessoal,

            Muito perto de Cracóvia existem dois monumentos, que devido à sua importância mundial, não podem faltar na lista de sítios a visitar. Dois sítios bastante distintos, um lembra-nos quão o ser humano pode ser horrível e maquiavélico com a humanidade, já o outro mostra-nos como a humanidade consegue demonstrar beleza através da natureza. Falo de Auschwitz, local do maior campo de concentração Nazi da II guerra mundial, e de Weiliczka, uma mina de sal transformada numa cidade-monumento.

            Auschwitz

            O local onde a história aconteceu, na realidade, um nome que nunca nos vamos esquecer. Sempre que a expressão "campo de concentração” é dita a primeira ideia que temos em mente é a palavra Auschwitz, quer queiramos, quer não. Como devem imaginar, este foi um dos locais que mais me marcou durante a viagem. Saber que estava a pisar o mesmo chão onde um dia milhões de judeus e outros tantos polacos, ciganos, homossexuais, soviéticos estiveram presos, tratados de maneira desumana e mortos, faz-nos perceber que aquilo que aprendemos nas aulas de história foi muito real.

            Na realidade existem dois campos na pacata vila de Auschwitz, Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau. Auschwitz I, criado em 1940, localiza-se mesmo na vila de Auschwitz e conta com cerca de 40 edifícios, entre barracas, casa dos oficiais das SS, hospitais das SS, câmara de gás e crematório, cozinha e armazéns. A sua marca mais famosa é o portão de entrada com a célebre frase “Arbeit macht frei”, o trabalho liberta. Depois de passar por debaixo a inscrição, estamos oficialmente dentro do campo que inicialmente serviu como prisão para cidadãos polacos e só depois foi transformado num campo de extermínio. Atualmente, os edifícios são ocupados com exposições sobre as condições de vida dos prisioneiros, o trabalho forçado, as câmaras de gás e o extermínio. É possível ver a câmara de gás onde foram realizados os testes iniciais e o crematório usado neste campo. Contudo, para mim, o mais marcante de Auschwitz I, para além do portão de entrada, é quando entramos numa das salas das barracas e vemos que, por detrás de um vidro, existe imenso cabelo das vítimas do que ali aconteceu. Cabelo que era recolhido depois de estas serem mortas para ser vendido. Foi através do mesmo que se descobriu que os nazis usavam gás Zyklon B para matar os prisioneiros.

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            Auschwitz II- Birkenau fica a cerca de três quilómetros de Auschwitz I contudo, é possível realizar o caminho no autocarro gratuito do museu. A sua construção iniciou-se em 1941, devido à sobrelotação do campo-base Auschwitz I. Com uma área de aproximadamente 175 hectares e com mais de 300 edifícios, este foi o campo onde a maioria dos assassinatos aconteceram. Neste campo existiam quatro crematórios com câmaras de gás e duas câmaras de gás provisórias, que actualmente apenas podemos observar as suas ruínas. Ao entrar, vemos a zona de descarregamento onde se amontoavam os milhares de passageiros que eram retirados dos comboios quando ali chegavam. De um dos lados, ainda é possível observar as barracas de tijolo onde alojavam os prisioneiros tal e qual como quando o campo estava em funcionamento. Do outro, devido às barracas serem construídas de madeira e não tijolo, apenas podemos uma fileira destas, o resto são apenas ruínas. Percorri toda a rampa de descarregamento sobre os carris. Era uma sensação incrivelmente estranha a que senti. Olhar em volta e tudo estar cheio de flores selvagens e tão verde para um sítio com um passado tão negro. No fim destes carris, encontramos as ruínas das câmaras de gás que as SS tentaram destruir. Continuei a percorrer a estradas de terra batida entre arame farpado e torres de vigia até encontrar uma área cheia de lagos. Os lagos eram muitas vezes usados como depósitos das cinzas das vítimas daquele campo, bem como alguns terrenos descampados que por ali encontramos.

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            Auschwitz é um lugar ao qual todos nós, pelo menos uma vez na vida, devíamos ir. Por mais duro que seja, faz parte da história da humanidade. Faz parte da nossa história. Perceber a crueldade que ali aconteceu para além das secretárias das escolas é necessário para um futuro melhor. Uma das coisas que mais me marcou nos campos de concentração é que, apesar de toda a escuridão, tristeza e crueldade que nos fazem sentir, são sítios bastante verdes, dominados pela natureza que se ergue de novo, dominados por um respeito e paz inexplicável. É gratuito visitar este local contudo,contem com filas enormes caso queiram ter uma visita guiada pelos campos. E tal como é dito por ali, “É gratuito e está aqui para mostrar que os erros do passado não devem ser repetidos no futuro.”

 

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Weiliczka

 

            Uma mina de sal que se transformou numa cidade-monumento devido ao trabalho dos seus mineiros. Fica à distância de uma viagem de quarenta minutos de autocarro do centro de Cracóvia. Muitos de nós já ouvimos falar desta mina de sal nas aulas de geologia no secundário devido à sua riqueza a nível de património geológico. São duras horas e meia de caminhada por escadas, galerias, corredores, esculturas, capelas, lojas de recordações, lagos, um café, histórias e muito sal. Engana-se quem pensa que verá sal tal e qual como aquele que usamos em casa, aqui o sal tem uma cor acinzentada devido às impurezas que apresenta. É possível perceber a evolução nas técnicas de extracção de sal durante o tempo de funcionamento da mina.

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            Existe uma igreja incrível no interior desta mina onde é celebrada uma missa aberta ao público todos os domingos, bem como áreas onde é possível realizar banquetes, festas de anos, eventos, entre outras actividades. Os visitantes apenas percorrem três quilómetros e meio dos mais de 350 quilómetros de galerias que existem naquela zona.

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23
Ago16

Cracóvia

Loís Carvalho

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Hey Pessoal,

           

            Chegar ao terceiro ponto de paragem desta minha viagem foi uma grande aventura. O comboio que me levava de Praga para Ostrava, uma pequena vila na fronteira entre República Checa e a Polónia, atrasou-se, o que me fez perder o comboio que me levaria a Katowice. Como devem imaginar, lá estava eu numa pequena estação de comboios, tentando trocar o meu bilhete para o próximo comboio sem que a vendedora entendesse o que eu estava a dizer. Durante alguns minutos eu tentava explicar-lhe o que se tinha passado em inglês e ela respondia-me em checo. Tive a sorte de aparecer uma jovem que acabou por traduzir aquela pequena conversação para que pudesse seguir viagem. Chegado a Katowice era tempo de apanhar o comboio regional que me levaria a Cracóvia. Posso afirmar que, apesar de a viagem durar cerca de duas horas e quinze minutos e haver um comboio que a faz em apenas uma hora e meia, não a trocaria por nada.

            Era final do dia, depois de um dia longo em comboios fechados, fazer uma viagem de comboio com a janela meia aberta, a ver o pôr-do-sol tornou aquela viagem a melhor de todo o interrail. Foi momento que decerto me vou lembrar para sempre.

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            Cracóvia é uma cidade cheia de história e de vida. Ao contrário do que pensava, está cada vez mais cheia turistas e é fácil de perceber o motivo. A cidade foi construída em volta da Rynek Glówny, praça principal da cidade antiga, local onde fica a torre da câmara municipal, a Igreja de Santa Maria e o Sukiennice, um mercado renascentista que ainda nos dias de hoje serve para o efeito que foi construído. Tanto de dia como de noite as esplanadas desta praça estão cheias de turistas e há vendedores de flores, souvenirs e comida um pouco por todo lado.

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            Atravessando a praça da cidade antiga e subindo uma pequena colina é possível visitar o Castelo real de Wawel. Os castelos do lado mais oriental da Europa são muito diferentes daquilo que nós, portugueses, muitas vezes temos em mente. Existe uma basílica no seu interior, bem como o palácio real e a gruta do dragão. Segundo a lenda, em tempos um dragão andava a fazer desparecer os animais e os moradores da região. Nenhum dos cavaleiros mais valentes do reino conseguia matar este monstro e por isso o rei prometeu que quem o conseguisse casaria com a sua filha. Para espanto de todos, foi um fraco aprendiz de sapateiro com a ajudada de um “carneiro explosivo” que acabou com este monstro. No sopé do monte, junto ao rio Wista, é possível ver uma escultura de um dragão que cospe fogo, bem como visitar a gruta do dragão por debaixo do castelo.

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          Não muito longe do castelo fica o quarteirão judeu. Local onde durante a segunda guerra mundial foi construído o gueto da cidade para os judeus. Um local cheio de história, com locais a não perder como a sinagoga antiga ou antigo cemitério judeu.

         Atravessando o rio, e depois de alguns minutos a caminhar, encontramos um dos locais mais importantes da cidade, a fábrica de Oskar Schindler. A fábrica que este senhor usou como fachada para salvar milhar de judeus das mãos do regime nazi já não existe em completo, apenas a fachada e os portões da mesma. Nesse local podemos visitar o museu de arte contemporânea de Cracóvia e uma exposição sobre a cidade de Cracóvia e os judeus que ali moravam durante a segunda guerra mundial. Da fábrica original apenas é possível visitar o escritório de Schindler e  ver algumas das panelas e outros utensílios de metal que ali eram fabricados durante aquele tempo.

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            Cracóvia surpreendeu-me pela sua vida. O motivo que me trouxe a esta cidade polaca foi a sua importância na história do século passado. As jornadas mundiais da juventude realizaram-se nesta cidade no final do mês passado, mas continuam bastante presentes um pouco por todo lado. Ao contrário do que outras pessoas me tinham dito, os polacos foram uma grande surpresa para mim. Apesar de serem muito conservadores e protectores da sua cultura, um pouco devido aos acontecimentos históricos a que o seu país tem sido sujeito, são um povo simpático, comunicativo e bastante prestável.

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16
Ago16

Praga

Loís Carvalho

 

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Hey pessoal,

     Quando se faz um interrail existem várias coisas que são indispensáveis, alguma paciência, umas boas horas de música no telemóvel ou tablet e um bom livro. A viagem de Paris para a segunda paragem nesta minha aventura demorou cerca de doze horas e trinta minutos com duas mudanças de comboio feitas ao estilo de atletismo, 200 metros mochila às costas e ao peito para não perder o comboio. Na verdade, foi uma maneira de entrar no espírito olímpico que se vive do outro lado do mundo. Eram cerca de 23 horas quando cheguei a uma Praga deserta, fria e um pouco húmida. A primeira impressão que causou não foi a melhor contudo, e tal como Paris, nunca nos devemos prender às primeiras impressões quando embarcamos numa viagem sem rumo.

     Bom, primeira coisa a estabelecer sobre Praga, não é uma cidade muito grande. Tudo é perto. O meu hostel era junto ao Národní muzeum, museu nacional em checo que se encontra em obras de remodelação e, por isso, encerrado ao público. Na frente deste museu encontramos a Václavské námesti, uma das avenidas mais importantes de Praga e que nos leva ao centro histórico desta cidade. É na praça da cidade velha que esta cidade se começa a revelar. O famoso relógio astronómico, Orloj, que conta com mais de 600 anos de funcionamento, é a principal atração neste local. Este relógio não só informa a hora exata em Praga, como também os signos e a posição do sol e da lua durante o dia. Encontra-se na fachada da torre da antiga câmara municipal. Contudo, o segredo mais incrível desta torre, pelo menos para mim, não se encontra na fachada, mas sim no seu topo. Por cerca de 130 Coroas Checas, ou seja, quatro euros e oitenta cêntimos, é possível subir ao topo da torre e desfrutar de incrível vista da cidade. Apaixonados por miradouros com ótimas vistas, como eu, não podem perder este. Garanto que não se vão arrepender. Dalí de cima começa-se a perceber que a arquitetura da cidade nada tem a ver com as cidades mais ocidentais da Europa, nem mesmo o castelo.

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     A praça da cidade velha é só o início de uma grande aula de história. Caminhando alguns metros, encontramos a igreja Mathy Bozi pried Tynem. O edifício mais impressionante do estilo gótico em Praga, construído entre o século XIV e XVI. Encontrar o acesso a esta igreja é uma tarefa para os mais pacientes e por isso não vou revelar mais nenhum detalhe sobre esse assunto. A zona a norte da praça é conhecida por ser o bairro judeu. Com cerca de seis sinagogas e um cemitério neste bairro possíveis de visitar, é uma zona a não perder na cidade.

     A República Checa é conhecida pelos seus músicos e é no Rodolfinum que se encontra a sede da Filarmónica Checa. Sendo este edifício depois do bairro judeu e junto ao rio, nada melhor que seguir junto ao mesmo até à Ponte de Carlos, um dos símbolos da cidade. Construída no século XIV, esta ponte alberga, atualmente, não só as centenárias esculturas religiosas como também inúmeros caricaturistas e vendedores ambulantes. É através dela que se atravessa da cidade velha para a zona do castelo.

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     Um castelo, em qualquer lugar do mundo, é construído num local alto e de boa visibilidade. O castelo de Praga não é excepção. É necessário ter alguma energia para subir uma colina cheia de turistas e pequenas lojas de comida e souvenirs. Atualmente, o castelo é a "casa" do presidente, mas desde o século IX que ali habitam reis e presidentes. Decidi não entrar dentro do palácio, fiquei-me apenas pelas muralhas e jardins. Alguns deles com vistas surpreendentes para a cidade. Para os mais corajosos, na montanha ao lado do castelo existe um labirinto de espelhos e uma torre de observação da cidade. Deste lado do rio é também obrigatório parar pelo mural dedicado a John Lennon, pelo museu Frank Kafka e na rua mais estreita de Praga, Certovka, que, na realidade, não passa de um acesso a um restaurante na margem do rio Vltava.

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      Contudo, a magia de Praga é apenas perceptível quando o sol se põem e as luzes se acendem. A ponte de Carlos e o Castelo quando a noite cai ficam incríveis fundos de postais. São fotos imperdíveis quando se visita esta capacitar europeia.

     O verdadeiro encanto de Praga não está apenas nos monumentos nacionais, mas sim em todos os prédios que por ali encontramos. Todos eles contam parte da história da cidade, bem como enchem os olhos de qualquer um com a sua decoração. É fácil encontrar prédios com estátuas, esculturas ou pinturas, restos de um regime comunista ou uma guerra nas suas fachadas e foi esse pormenor que me encantou nesta cidade O simples facto de andar pelas ruas na cidade já se torna uma experiência extremamente enriquecedora. Uma ótima cidade para nos perdermos por entre ruas, becos e pátios escondidos. Os checos são pessoas um pouco frias e sisudas até. É difícil quebrar o gelo com eles, mas, ao contrário dos franceses, estes esforçam-se para ajudar e comunicar com as pessoas. A visita a Praga foi de apenas um dia, tal como Paris. Não diria que me apaixonei por esta cidade checa, digo que deixou algum mistério e um grande ensinamento, o nosso passado como nação pode efluênciar-nos como pessoas. A aventura continua por uma Europa desconhecida e cheia de surpresas...

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12
Ago16

Paris

Loís Carvalho

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Hey pessoal,

      A minha primeira paragem deste interrail foi Paris, a cidade da luz. Com apenas um dia para ver o mais possível desta tão grande cidade sabia que tinha de acordar cedo. Contudo, depois de uma noite e um dia em viagem de comboio, onde os bancos, apesar de confortáveis, não se comparam com uma boa cama, o corpo ganhou e acabei por apenas me levantar às 9:45. Foi tomar o pequeno almoço e arrancar à descoberta.

      Primeiro grande ponto turístico a visitar no meu plano era Torre Eiffel. Visitar Paris e não ver a Torre Eiffel, para além de ser quase impossível, é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa. A minha sugestão é ir pelo metro até ao Trocadéro e observá-la do grande terraço do Palais de Chailot. Como este se encontra um pouco mais alto que a base da torre a vista é magnífica e éum bom local para umas quantas fotos deste monumento. Descendo a escadaria do palácio está-se à distância de atravessar o Sena para nos encontrarmos debaixo da torre. Todavia, isso é mais difícil atualmente, pois existe um grande controlo de acesso, com direito a revista e tudo. Não subi à torre,deixei estar os pés bem aceites na terra e a trabalhar caminhando pelo Champ de Mars até chegar à Ecolé Militaire. Segui até ao museu do exército com a sua majestosa cúpula dourada, e, através da rua à sua direita, Blvd Des Invalides , cheguei à margem do Sena.

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     A minha paixão por água levou-me a deixar que o rio me guiasse pela cidade, apesar de estar a caminha contra a sua corrente. Nas margens deste rio fui observando a arquitetura desta cidade, que em nada se parece com qualquer cidade portuguesa. Na realidade é um pouco cinzenta demais para mim. Para além de todos os edifícios normais da cidade é possível observar alguns de maior importância nesta caminhada até à Íle de la Cité, a Assemblée Nationale, o Palais Grand, a Place de la Concorde, onde se encontra o obelisco egípcio, o Musée d'Orsay, o Jardin des Tulieries e o Louvre. Fui até à Íle de la Cité para visitar a Catedral de Notre Dame. Um conselho, apesar de haver uma longa fila para entrar na catedral, vale a pena esperar 20 minutos para observar o seu interior. Principalmente os vitrais da mesmas.

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       Recuei um pouco até ao Louvre, lugar que não podia faltar nesta minha visita. Foram duas horas de imersão cultural extrema, desde gregos a romanos, italianos, franceses, espanhóis. Arte de todo mundo, ali naquela palácio. Óbvio que, apesar das incríveis salas originais do palácio que foram preservadas como se ainda Napoleão III ou Marie Antoinette lá vivessem, é a obra de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa, que atrai mais turistas. Como se fosse um íman onde dezenas de pessoas se amontoam e acotovelam pela melhor foto. Outras obras, como a Vénus de Milo, fazem também parte do espólio deste museu.

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      Depois do Louvre era tempo de visitar algo que começou em Paris e neste momento há em todo mundo, o Ritz Hotel. Apesar de não ser um ponto turístico no mapa, podem crer que vale muito a pena os 20 minutos que se "perdem" ali. Segui até à Ópera de Paris onde apanhei o metro até a um dos melhores miradouros da cidade, a Basilique du Sacré-Cœur. Depois de um dia a andar, avistar a escadaria que me levaria ao topo levou-me a pensar duas vezes se a subiria. Mas, já que estava ali tão perto não queria morrer na praia. E não me arrependo nada desse esforço. Não sei se foi Non, Je Ne Regrette Rien ou La Vie En Rose que tocava na coluna de um artista de rua que ali se encontrava ou se foi a luz que a cidade tinha neste final de tarde, apenas posso dizer que foi uma imagem incrível e que ficará na minha memória para sempre. Troquei dois dedos de conversa com um belga que estava ao meu lado a ver aquele quadro magnífico e a opinião era igual. Com a noite quase a cair, ainda houve tempo para uma visita rápida ao Moulin Rouge e o seu moinho vermelho. E assim terminava o meu dia em Paris.

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     Ao contrário da grande maioria das pessoas, nunca fui um grande apreciador de Paris, contudo, tinha de lhe dar uma segunda oportunidade. Continuo a não ser o seu maior fã, apesar de toda a luz que tem à noite, durante o dia é cinzenta devido aos seus prédios. Todavia, esta conquistou um pouco mais de mim com aquela vista do Sacré-Cœur. Das maiores dificuldades que tive na cidade é a comunicação, como bons franceses que os parisienses são, poucos são aqueles que se esforçam para falar inglês, mesmo numa cidade tão turística. Estive cerca de 15 minutos para que encontrassem alguém que falasse inglês nas vendas da estação de Montparnasse. Outro aspeto bastante notável na cidade é o decréscimo de turismo e a forte presença militar. Não com toda a certeza, mas parece-me que a nossa capital está a ficar mais turística que Paris. E depois do que aconteceu em Novembro do ano passado, entendo o porque de revistarem as malas e as pessoas em todo lado e o facto de haver militares armados a patrulhar as ruas. Já estou conhecer uma outra paragem, mas essa só saberão qual é na próxima publicação. Quer dizer, se já não me seguirem no Instagram, loisthings, ou no Snapchat, loiscarvalho1. (Prometo que no final da viagem haverá uma publicação para cada cidade só com fotografias)

11
Ago16

À Descoberta de Uma Europa

Loís Carvalho

 

Hey Pessoal,

 

     A verdade é que nas últimas duas semanas muita coisa mudou. Já não estou do

Snapchat-2334363541989760563.jpgoutro lado oceano, encontro-me em território europeu. Não digo Portugal porque já não é esse o caso. Regressei ao nosso canto à beira mar plantado na segunda feira, dia 1 de agosto. Contudo, apenas cheguei eu e uma das minhas malas, a outra encontrava-se perdida no mundo, o que é bastante bom. Depois de reclamar não há muito a fazer, a não ser esperar. Ligava para lá todos os dias, cheguei a ir ao aeroporto ver uma enorme quantidade de malas. Todavia, nenhuma me pertencia, ainda por cima com a roupa toda. Até que, numa nova atitude de desespero, fui na quinta feira, dia 4, voltei ao aeroporto e por, talvez, magia lá estava a mala. 

       Neste momento devem estar pensar por que raio estava eu com tanta pressa para ter a mala. Mas a explicação é bastante simples. Para além de estar lá grande parte da minha roupa, precisava dessa mesma roupa para uma outra "aventura",uma um pouco mais complicada. Para o Interrail.

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        Em maio, ganhei um passe de interrail num concurso da representação da união europeia em Portugal. E, antes que o tempo se esgota-se e ter de voltar a estudar, tinha de partir. Assim foi, na última segunda feira, dia 8 , pelas 21:30 na gare do oriente lá estava eu de mala às costas e ao peito, na companhia do meu Sapo para descobrir uma Europa que cada vez está mais esquecida. O suc-expresso levou-me até Hendaye, numa viagem de 14 horas na qual dormir é complicado, pois os bancos não são muito confortáveis. Daí apanhei o TGV até à cidade da luz, Paris. No próximo post contarei como foi a minha estadia por essas bandas.

     Por isso, espero que durante as próximas semanas acompanhem está minha aventura pelos comboios e cidades europeias, onde o limite serei eu próprio,( e o dinheiro, mas aí dá-se a volta à questão). Uma das vantagens de viajar sozinho. 

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02
Ago16

Big on Bloor

Loís Carvalho

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Hey Pessoal,

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            Numa cidade tão grande como Toronto todos os fins-de-semana durante a época de verão são sinónimos de actividades ao ar livre. Talvez porque o resto do ano esteja demasiado frio e grande parte do tempo coberto de um manto branco, os "Torontonians" habituaram-se a aproveitar de maneira mais efusiva e no exterior o pouco de bom tempo que têm disponível. Num mesmo fim-de-semana podem chegar a haver 20 eventos em partes diferentes da cidade.

            Caso disso é oIMG_9974.JPG festival Big on Bloor, decorreu no passado fim-de-semana de 23 e 24 de julho. Um festival organizado por uma comunidade para a comunidade, onde se juntam várias pessoas anónimas, artistas, pequenos negócios que habitam a vizinhança de Bloordale. Trata-se de um dos mais importantes festivais de rua em Toronto, bem como dos mais visitados, com cerca de 100 mil visitas na edição do ano passado.

            Neste festival encontramos de IMG_9972.JPGtudo um pouco, desde jogos para os mais novos, concertos de artistas desconhecidos da grande maioria do público, até alguns grandes bancos e marcas de ginger ale a oferecer os seus produtos. Por outro lado, todos os projectos que a comunidade desta zona desenvolve são mostrados aqui, bem como os representantes da zona a nível político aproveitam para conversar sobre os problemas que atormentam as pessoas.

            Na minha visita a este festival, debaixo de um sol brilhante, sem uma única nuvem a pairar no céu, e com uns incríveis 34º, conheci dois projectos bem distintos, contudo tanto um como o outro bastante inovador e irreverente.

           

Bonerkill     

           

            O Bonerkill é um dos exemplos dos projectos existentes nesta zona feitos pela comunidade e para a comunidade ali presente. Tive a oportunidade de falar com quatro dos seus membros, Pamela, Sylvia, Annie e Kira. Assumem-se como feministas e fazem o seu trabalho para quebrar barreiras. O facto de viverem numa comunidade multicultural, que de logo se notava por elas, três afro-americanas, uma asiática e com um pouco de todo mundo a cumprimenta-las enquanto conversei com elas, faz com que seja necessário integrar toda gente e haja um local para as pessoas desabafarem. Naquele dia no festival estava a desenvolver um Bitching Booth, ou seja, um local onde qualquer um podia ir falar sobre o que quisesse, desde problemas até indecisões, a pessoa é que escolhe e elas apenas ouvem e dão a sua opinião. Uma maneira das pessoas desabafarem e por alguns momentos terem alguém com quem conversar.

            Na realidade, já muitas histórias passaram por ali, algumas delas impressionantes. Desde relatos de violações nunca denunciadas a casos de violência doméstica, histórias de guerras entre amigas, histórias de amor e momentos de sinceridade e de cansaço de uma vida escondida. Pamela lembra-se numa edição anterior do festival um senhor asiático com os seus 70 anos se sentar para conversar com ela. “Começou por me contar o porque de estar no Canadá, como tinha vindo cá parar. Falou da vida que teve, onde trabalhou e, de um momento para o outro, não disse nada, apenas ficou a olhar para mim. Agarrei a sua mão e disse-lhe que estava tudo bem, que podia dizer o que quisesse, pois nada do que falamos com as pessoas é falado noutro sítio. É então que, de lágrimas nos olhos e com muito alívio me diz “Sou gay”. Devia ser a primeira vez nos seus 70 anos de vida que ele o dizia em voz alta e isso marcou-me imenso.”

          Para um futuro próximo esperam poder continuar a fazer acções como a que fazem no Big on Bloor. Ajudar pessoas é o objectivo desta associação e é assim que querem que continue. São todos vizinhos, família ou amigos, muitos deles imigrantes.

 

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Vivid

 

            Tal como o nome indica, o segundo projecto que conheci neste festival é algo vívido, garrido, chamativo apesar do seu pequeno tamanho. Julia Alimova, a criadora da Vivid é uma jovem romena que, tal como muitos outros jovens, teve de emigrar para encontrar um futuro melhor. Veio para o Canadá para estudar inglês durante um ano, com tudo isto passaram 5. É ela que produz tudo aquilo que vende, falo de laços e gravatas. A primeira vez que me aproximei da sua banca esta estava a costurar mais um com um pouco de tecido em que o tema era Star Wars.

            Compra tecidos de todo mundo numa cidade onde todo o mundo está presente e a partir daí desenvolve os seus trabalhos. Padrões florais, texturas diferentes e filmes são alguns dos seus temas favoritos para desenvolver o seu trabalho. Antes da Vivid, fazia t-shirts através de tipografia. “A era digital veio transformar imenso as nossas roupas, por vezes a maneira antiga é melhor.”, confidenciou-me. Mudou depois de ter estado na Gentlemen’s Expo, aqui em Toronto, onde viu tantos homens com “imenso estilo” e com tantos acessórios diferentes que pensou qual deles ainda podia ser melhorado e tornar-se ainda mais diferente.

 

 

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Loís Carvalho, 21 anos, Mundo. Existe um sem fim de sítios onde ir, pessoas por conhecer, vidas para viver, sonhos para alcançar, mundos por descobrir.

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