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Um Absurdo Sem Fim

25
Nov15

De Lisboa à Eslovénia, passando pela Irlanda

Loís Carvalho
Hey Pessoal,


    Se se estão a perguntar se eu fiz uma viagem pela Europa deixem de perguntar, pois, infelizmente, isso não aconteceu. Não é necessário sair de Lisboa para dar a volta ao mundo em 8 horas. A diversidade cultura da nossa capital tem progredindo exponencialmente, tanto devido aos imigrantes, como aos estudantes de Erasmus. 
     Mais uma vez, a história de hoje passou-se numa noite, não depois do trabalho, mas sim, numa noite de diversão. Pela primeira vez na vida saí à noite sozinho, coisa que não me arrependo nada de ter feito. Aliás, é uma ótima razão para tentar fazer novos amigos e não nos sentirmos tão sozinhos. Depois de uma visita rápida a alguns bares no Bairro Alto, como "A Capela", que, desde já, recomendo uma visita quando passarem por Lisboa, desci até ao Cais do Sodré. Aí, encontrei um Irish Pub com música ao vivo, o O'Gilins. O O'Gilins é um típico Irish Pub onde a maioria dos clientes são estrangeiros, apesar dos portugueses começarem a apreciar este tipo de bares. Ao entrarmos no Pub somos transportados para a Irlanda como que por magia de um "leipreachán", sem nunca sairmos do Cais do Sodré. Todas as sextas e sábados oferece-nos pequenos e incríveis concertos de música irlandesa. Entre música, conversas e gargalhadas passaram-se duas horas de bom ambiente e disposição. Um Pub com imensa personalidade, simpatia, boa música, imensos tipos de cerveja. Espero um dia voltar, mais cedo, para puder desfrutar de um jantar pois, este Pub é também conhecido pela sua comida, fiquei eu a saber naquela noite.
      Quando o concerto acabou no O'Gilins, decidi que já estava na hora de ir para casa, pois trabalhava no dia  a seguir. Como costume, lá fui eu apanhar o meu 202, desta vez ali mesmo no Cais. Desta vez, tive o prazer de conhecer não uma, mas três raparigas super simpáticas, a Sara, a Veronika e a Tamara. Vêm da Eslovénia e, tal como muitos outros jovens, estão em Lisboa devido ao programa ERASMUS. Todas eles estudam sociologia  e escolheram o nosso país por ser o único que aceitava as três na mesma faculdade. Perguntei o que estavam a achar de Lisboa, já que a escolha tinha sido por aqueles motivos e não pela cidade em si. Tal como muitos outros, responderam-me que era uma cidade maravilhosa, muito bonita e barata em comparação com outras capitais europeias. Confidenciaram-me  que, ao contrário do que ouvem sobre Portugal, as pessoas têm sido um bocado rudes com elas, tanto nas lojas como no metro. Claro que tentei desculpar todos esses meus compatriotas, é normal que, por vezes, nos transportes públicos as pessoas estejam de mau humor, quer seja de manhã porque cedo, quer seja ao fim do dia depois de um dia de trabalho. 
            Depois de mais uns minutos de conversa, e já dentro do autocarro, houve outro assunto que veio à baila na conversa. O patriotismo, o tradicionalismo e o saudosismo  português. Estas três raparigas da Eslovénia vêem os portugueses  como um povo bastante patriota e agarrado à sua língua. Por diversas vezes já ouviram comentários típicos de um qualquer português, "Estás em Portugal, falas Português". Têm, mesmo, um professor na faculdade que as obriga a assistir às aulas em português, Talvez tenha a esperança que aprendamos português em seis meses só a ouvi-lo falar, disseram enquanto soltavam um gargalhada. Quem sabe, talvez se vocês falarem em eslovaco para ele durante seis meses ele aprenda também, retorqui na brincadeira. 

Aqui fica um video de um dos melhores momentos da noite no O'Gillins, onde podem (tentar) ver as a animação, pessoas a dançar nas mesas e a cantar. Desculpem a má qualidade do video, mas foi o possível.
08
Nov15

Viagem de Autocarro: Tânia

Loís Carvalho



Hey Pessoal,

     Uma das coisas que mais gosto de viver em Lisboa é o facto de em "todos os cantos" conhecer alguém novo, ter um conversa de momento e despedir-me com um "até à próxima", pois não sabes se irás, algumas vez na vida, reencontrar essa pessoa. O autocarro que apanho todas as noites após o trabalho tem-me proporcionado momentos como esse já por diversas vezes. E, como conhecer pessoas se trata de uma parte muito importante deste meu ano, decidi que começarei a descrever essas pessoas e encontros para vocês.
      Neste domingo, no meu 202 da meia noite e meia, conheci a Tânia. Uma jovem arquiteta de Coimbra, que fez o estágio do seu curso cá no mês passado e por isso decidiu vir visitar os amigos. A conversa começou pelo simples facto de ela não saber se na paragem do Largo Camões parava o 202, pois tinha queria apanhar o autocarro. Disse-lhe que sim, mas que sendo sábado para domingo à noite o autocarro podia demorar, demora sempre nestes dias. Ela explico-me que tinha tentado apanhar o metro, mas que por meros instantes, o tinha perdido. O próximo apenas passaria daí a 12 minutos e que, apesar de ter pago a viagem do metro, decidiu sair e tentar apanhar o autocarro. Tivemos uma conversa de alguns minutos sobre o autocarro, o metro, os passes. Enfim, conversas de paragem de autocarro. Era já 00:50 quando o 202 da 00:30 apareceu. Entramos os dois e toda as pessoas que já desesperavam por ele. Acabamos por nos sentar um ao lado do outro e, na curto viagem entre o Largo Camões e Campolide, descobri que afinal não éramos assim tão estranhos um do outro. Vínhamos os dois da mesma zona, eu de Arganil e ela de Coimbra. Uma coincidência da vida bastante engraçada. Contei-lhe o porque de ser tão novo e estar a trabalhar, partilhamos algumas ideias sobre o ano de pausa, o facto de em Portugal sermos quase "obrigados" a terminar o secundário e a ingressar no ensino superior logo a seguir e como é difícil as pessoas aceitarem que queres parar um ano. Nisto perguntei-lhe o que é que ela estudava, ao que obtive a resposta de que tinha acabado o curso de Arquitetura em Setembro, Curso que tirou em Coimbra, onde sempre viveu e estudou. Constatamos o facto de que se acaba os cursos muito cedo na nossa vida, e que aos 23, idade média em Portugal em que acabas o curso já com o mestrado feito, não nos vemos a fazer aquilo que estudamos para o resto da vida. Uma verdade bastante real, por isso é que não tem mal nenhum parar um ano, perceber aquilo que se quer. Acabar o curso um ano mais velho que o normal não fará qualquer diferença a nível profissional, constatou a minha companheira de viagem.
        Estávamos a chegar ao destino da Tânia, para mim ainda nem a meio do caminho íamos. Despedimos-nos, agradecendo a companhia que tínhamos feito um ao outro. Ela desejou-me boa sorte, retorqui-lhe o mesmo. Tânia despediu-se com um " Até à próxima", ao qual respondi "Até à próxima, pois nunca sabemos quando nos vamos cruzar de novo". Ela saiu e eu segui viagem no meu 202 da 00:30 em mais um regresso a casa.

(Obrigado Tânia pela companhia e espero que não te importes por contar esta história. Se alguma vez leres isto, avisa)
06
Nov15

Um Absurdo Sem Fim, O Gap Year: Apresentação

Loís Carvalho
Hey pessoal, 

    Desde já sejam bem vindos ao meu blog "Um Absurdo Sem Fim, O Gap Year". Este blog serve, de certa maneira, para tentar informar as pessoas de algo não muito comum em Portugal, um Gap Year. Muitos denominam-no de ano sabático, pausa nos estudos, perguiça de ir para a universidade, ano de decisão, entre outras denominações. Simplesmente, consiste num ano de pausa nos estudos, sim, mas de crescimento e autoconhecimento. Um ano para tomarmos decisões por nós próprios, para aprendermos como funciona o mundo real, pois muitos de nós vivemos dependentes dos nossos pais durante 18 anos.   
     Muitos devem perguntar-se como é que vim parar a esta situação, mas digo-vos que foi bastante simples chegar aqui. Como qualquer jovem português, completei 3 anos de ensino secundário público português, na ESA ( Escola Secundária de Arganil), na área de ciências e tecnologias. Realizei os quatro exames obrigatórios, no meu caso física e química, biologia e geologia, matemática A e português. Acabei o secundário com uma média bastante boa, sendo que fui considerado um dos melhores alunos da escola. Por infortúnio do destino, quando me candidatei à universidade para o curso que sempre sonhei, medicina, por umas meras décimas não consegui entrar. Nem na 1ª fase, nem na 2ª fase e o desespero que foi aumentando chegou ao fim quando decidi que ia parar. Tenho 18 anos, uma vida pela frente, não é um ano de pausa que vai estragar a minha vida. Tomada a decisão de realizar está pausa, um Gap Year, comecei a pensar no que iria fazer. Fiz então uma lista de preocupações/prioridades :
- Dinheiro: Não queria viver este ano dependente de ninguém. Foi uma decisão minha de o ter, por isso teria de me desenrascar. Arranjar um emprego era uma prioridade muito grande, pois só assim conseguiria ter dinheiro e juntar algum para viajar. 
- Local: O sítio onde cresci e vivia não é muito grande, Arganil. Uma pequena vila do interior, onde, infelizmente, pouco mais que nada se passa. Teria de perceber para onde queria ir. Óbvio que pensei logo na hipótese de ir viver lá fora, mas para começar nada melhor que o nosso país, Portugal. Então a decisão ficou restrita entre a cidade de Coimbra e a nossa capital, Lisboa. Nesse momento ainda mais fácil foi de decidir, Coimbra iria lembrar-me todos os dias que não tinha entrado na universidade e que todos os meus colegas o tinham feito. Lisboa seria a minha próxima casa. 
- O que fazer?: Num ano de pausa não nos podemos resumir a mudar de cidade e trabalhar, existem diversas outras coisas que temos de aproveitar. Então, existem dois grandes focos para este ano: Cultura e Viagens. Aproveitar o máximo da cultura que Lisboa me pode dar, concertos, teatros, exposições, arte urbana, pessoas, cafés e afins e a possibilidade de realizar uma viagem no verão pela Europa. Esse sim é o objetivo final deste ano. Amealhar algum dinheiro para poder viajar por alguns países europeus no verão, mas isso é assunto para outra publicação.
- Escrita: Sempre amei escrever e este ano também quero dedicar algum tempo a essa atividade. É por esse motivo que algumas publicações que podes vir a encontrar neste blog sejam apenas textos que escrevi. 
     Depois de listadas as 4 grandes preocupações/prioridades/objetivos para este ano, meti mãos à obra. Convenci os meus pais a deixarem-me ir para Lisboa, que, apesar de não ter sido fácil, tornou-se um pouco fácil ao saberem que viria viver com o meu padrinho. Apartar desse momento só. Faltavam duas coisas, arrumar as minhas tralhas e pôr-me a caminho. Apó s três semana de vida em Lisboa, neste meu ano de pausa, dou início a este blog sobre o meu Gap Year, onde vos contarei as aventuras que terei, falarei dos sítios que visitarei, do trabalho, da cultura, da comida, alguns conselhos e as viagens que terei. 
      Obrigado por embarcarem nesta aventura comigo! 
                       Do vosso amigo, 
                                 Lois Carvalho 


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Loís Carvalho, 21 anos, Mundo. Existe um sem fim de sítios onde ir, pessoas por conhecer, vidas para viver, sonhos para alcançar, mundos por descobrir.

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